Damiano Damiani (Itália)
Por amor ou por vingança (em italiano, La moglie più bella) é um filme italiano de 1970 dirigido por Damiano Damiani, baseado no caso de Franca Viola de 1965, que desafiou o ainda frequente costume do sul da Itália de sequestrar e estuprar uma noiva em potencial, recusando-se a se casar com seu sequestrador. Foi o filme de estreia da então jovem Ornella Muti, com 14 anos na época.
Sinopse
Francesca é uma jovem camponesa que chama a atenção de Vito, um promissor mafioso. Ela inicialmente fica satisfeita com a atenção do homem e os dois concordam em se casar. Essa felicidade é de curta duração, pois ela logo descobre que ele é um homem violento, ciumento e possessivo que espera completa e absoluta obediência dela, o que a faz rebelar-se contra o casamento iminente após testemunhar um assassinato na máfia.
Não querendo perder a face, Vito decide aprisionar Francesca em uma fazenda, onde ele a estupra repetidamente. Seu objetivo é forçá-la a um fuitina ou “casamento restaurador”, já que os costumes ditam que a mulher deve se casar com aquele que tirou sua virgindade, independentemente de ter sido um encontro voluntário ou não. Francesca eventualmente consegue obter sua liberdade e tenta buscar justiça legal. Ela logo descobre que ninguém está disposto a apoiá-la. Ou temem que Vito busque vingança, ou acreditam em suas mentiras de que Francesca está causando problemas porque ele se recusou a se casar com ela depois de descobrir que ela era uma mulher promíscua que mentiu sobre ser virgem.
Apesar disso, Francesca persevera e o denuncia à polícia. O escândalo resultante e as tentativas de seus pais de impedi-la de buscar justiça tornam a vida difícil para Francesca, mas no final ela triunfa e Vito é preso.
A produção
As filmagens ocorreram em Cinisi, Partinico, Trappeto e também nas ruínas de Gibellina e Santa Ninfa. A atriz Ornella Muti foi trazida para interpretar Francesca Cimarosa, em sua estreia no cinema. Como ela tinha quatorze anos na época das filmagens, o filme estava sujeito a regulamentações estritas de cinema, uma das quais era a proibição de representação de um estupro na tela.
Damiani e os outros escritores escolheram fazer o roteiro diferir em várias formas do sequestro, estupro e processo da vida real. A acadêmica Niamh Cullen observa que os comportamentos de Francesca se assemelhavam mais aos das feministas dos anos 60 e 70, enquanto na vida real Franca, após ser resgatada, teria aceitado o casamento iminente como uma inevitabilidade sombria e indesejada. As reações da polícia e da família também diferiram, pois ela observou que as notícias mostraram que sua família havia sido muito solidária e a investigação policial não implicou relutância em processar.