Akira Kurosawa (Japão, União Soviética)
Dersu Uzala (em russo Дерсу Узала, em japonês デルス・ウザーラ) é um filme soviético-japonês de 1975 dirigido e coescrito por Akira Kurosawa, seu único filme não-japonês e seu único filme em 70mm.
O filme é baseado nas memórias de 1923 de Dersu Uzala (que recebeu o nome do caçador nativo) do explorador russo Vladimir Arsenyev, sobre sua exploração da região de Sikhote-Alin no Extremo Oriente Russo ao longo de várias expedições no início do século 20. Filmado quase inteiramente ao ar livre na natureza selvagem do Extremo Oriente Russo, o filme explora o tema de um nativo das florestas que está completamente integrado ao seu ambiente, liderando um estilo de vida que inevitavelmente será destruído pelo avanço da civilização. Também trata do crescimento do respeito e da profunda amizade entre dois homens de origens profundamente diferentes e sobre a dificuldade de lidar com a perda da capacidade que vem com a velhice.
O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, o Prêmio de Ouro e o Prix FIPRESCI no 9º Festival Internacional de Cinema de Moscou, além de outros prêmios.
Sinopse
O filme Dersu Uzala, conta a história de um capitão chamado Arsenyev e um caçador nômade chamado Dersu Uzala, que se encontram durante uma expedição topográfica na região de Ussuri, em 1902. Dersu guia Arsenyev e sua equipe pela trilha e demonstra sua grande experiência, instintos precisos, poderes de observação aguçados e profunda compaixão. Quando eles ficam presos em uma tempestade de neve, Dersu salva a vida de Arsenyev construindo um abrigo com juncos. Depois de muitas dificuldades, a equipe chega à casa de uma família Nani, que os acolhe e oferece comida, calor e hospitalidade. No final da expedição, Dersu decide voltar para a floresta, recusando pagamento pelos seus serviços, e Arsenyev promete procurá-lo novamente.
Cinco anos depois, Arsenyev inicia outra expedição e se encontra com Dersu novamente. Dersu serve como guia mais uma vez, mas durante uma tentativa de atravessar um rio em uma jangada de troncos, Arsenyev e Dersu ficam presos no caos do descarregamento. Arsenyev sobrevive, mas Dersu morre. Arsenyev se despede de seu amigo e o enterra na floresta, onde ele sempre quis estar.
O filme é uma reflexão sobre o choque entre a natureza e a civilização e sobre a amizade que transcende essas diferenças. Ele mostra a sabedoria de Dersu em relação à natureza e como Arsenyev aprende com ele e desenvolve um profundo respeito pela vida e pela cultura dos nativos. Dersu, por sua vez, aprende com Arsenyev sobre a civilização e como ela pode ser útil para proteger a natureza e os animais. No final, o filme nos faz questionar se realmente precisamos conquistar a natureza ou se devemos aprender a conviver com ela e respeitá-la.
A produção
Em uma entrevista conduzida para o lançamento do DVD em 1999, o co-protagonista Solomin afirmou que Kurosawa já conhecia o livro de Arsenyev há muito tempo e havia planejado fazer uma versão cinematográfica no início de sua carreira, no final dos anos 1930, mas abandonou o projeto ao perceber que ele teria que ser filmado na região da taiga, onde os eventos realmente ocorreram. O governo soviético permitia poucos estrangeiros lá. Na década de 1970, permitiram a Kurosawa e sua equipe, mas monitoraram de perto durante a produção de um ano.
Em 1971, Kurosawa tentou suicídio durante um período difícil em sua carreira, questionando sua capacidade criativa após o fracasso comercial de Dodes’ka-den no ano anterior e a subsequente negação de fundos para suas produções pelos estúdios japoneses. Em 1972, o produtor de Dodes’ka-den, Yoichi Matsue, e sua assistente, Teruyo Nogami, foram abordados pelo estúdio soviético Mosfilm para uma adaptação do livro de memórias russo Dersu Uzala, a ser dirigido por Kurosawa. Em 1º de janeiro de 1973, Matsue assinou o contrato com a condição de que Kurosawa tivesse controle criativo total. A Mosfilm queria que Toshiro Mifune, colaborador frequente de Kurosawa, interpretasse Dersu, mas Matsue os convenceu do contrário, pois Mifune não estaria disponível para uma produção tão longa. Eventualmente, o ator tuvano Maxim Munzuk foi escalado. A Mosfilm, assim como o estúdio Toho do Japão, com quem Kurosawa costumava trabalhar, achou impossível manter o diretor perfeccionista dentro do orçamento e cronograma rígidos.
