Geraldo Sarno (Brasil)
Coronel Delmiro Gouveia é um filme brasileiro de 1978, do gênero drama histórico-biográfico, dirigido por Geraldo Sarno, com roteiro dele e Orlando Senna.
Baseado em história real, conta a saga de Delmiro Gouveia, pioneiro da industrialização do Brasil, que foi perseguido e assassinado por se recusar a vender suas empresas a companhias inglesas no fim do século 19 e início do 20. O personagem, interpretado por Rubens de Falco, é mostrado como um ousado e humanista empreendedor que enfrenta o poder dos coronéis e dos trustes internacionais.
Premiações: no Festival de Cinema de Havana, Troféu Gran Coral de melhor filme; no Festival de Brasília, Melhores roteiro e trilha sonora no prêmio Candango; no prêmio Governo do Estado do Rio de Janeiro, Melhor diretor no troféu Golfinho de Ouro.
Delmiro Gouveia
Delmiro Augusto da Cruz Gouveia foi um empresário brasileiro nacionalista, cuja vida inspirou o filme de Geraldo Sarno. Nascido na fazenda Boa Vista, em Ipu, Ceará, ele foi pioneiro na introdução de benefícios sociais para os trabalhadores e ficou conhecido como o Rei do Sertão no Nordeste brasileiro, graças à sua riqueza, filantropia e coragem em desafiar o poder econômico dos ingleses na região.
Apesar de sua origem humilde como filho ilegítimo de um fazendeiro e negociante de gado, Delmiro teve que trabalhar cedo para ajudar a mãe e, aos 19 anos, mudou-se com ela para a cidade de Goiana, em Pernambuco, onde trabalhou como bilheteiro da estação Olinda do trem urbano chamado Maxambomba. Posteriormente, ele se interessou pela compra e venda de couro e peles de cabras e ovelhas e foi para o interior de Pernambuco, onde se casou com Anunciada Cândida de Melo Falcão em 1883.
Delmiro trabalhou inicialmente como intermediário entre os produtores de peles de cabra, carneiro e couros de boi no sertão nordestino e os comerciantes estrangeiros no Recife. Depois, tornou-se gerente da filial da Keen Sutterly & Co., da Filadélfia, no Recife, e comprou seus escritórios quando a matriz faliu, fundando a Casa Delmiro Gouveia & Cia em 1896. Ligou-se à firma L. H. Rossbch, Brothers de Nova York e, com seu apoio financeiro e postos de compra espalhados por todo o Nordeste, enriqueceu e tornou-se conhecido como o Rei das peles.
Após partir para outros empreendimentos e pela urbanizar o bairro do Derby, no Recife, onde abriu ruas, construiu casas e um grande mercado modelo sem similar no Brasil, o Mercado Coelho Cintra (1899), Delmiro construiu uma refinaria de açúcar que se tornou a maior da América do Sul. Contudo, sua autoridade e temperamento difícil fizeram com que ele ganhasse inimigos, especialmente entre os políticos pernambucanos, o que o levou a se separar da esposa em 1901 e a refugiar-se na Europa por um ano.
Após seu retorno ao Brasil, ele fugiu com uma adolescente, Carmela Eulina do Amaral Gusmão, e fixou-se em Vila da Pedra, no sertão alagoano, perto do rio São Francisco. Com apoio financeiro dos irmãos Rossbach, Delmiro uniu-se a dois sócios italianos, Lionelo Iona e Guido Ferrário, fundando a firma Iona e Cia. em Maceió. Para Pedra, eram levadas peles e couros de diversos estados, onde eles eram tratados e enfardados antes de serem exportados para os Estados Unidos.