O jogo das redes sociais e aplicativos permite experimentar diferentes identidades, mas exige respeito às regras. É preciso entender esses mecanismos para evitar manipulação e mistificação das massas.

As conversas nas redes e aplicativos sociais são um grande jogo em que as pessoas são suas peças e personagens. Nesse sentido, tem tudo a ver com história oral, com história digital, com ficção, e tem a ver com a verdade/mentira também. Mesmo quando o sujeito pretende ser o que não é, no fundo ele “está sendo”. Aquilo que você quer ser é parte daquilo que você é. Quem afirma que quer ser médico, de alguma forma já é um pouquinho médico. Só pelo fato de querer ser, ele já passa a ser. Quando o sujeito diz que quer ser assassino, matar um montão de gente, no fundo já é um pouco assassino, se você permitir. Fernando Pessoa já dizia que “o poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a sentir que é dor a dor que deveras sente”. O sujeito que entra no chat e diz ser uma loira de olhos azuis, talvez queria experimentar ser isso. Não quer dizer que queira sê-lo de verdade. Ou seja, nessas experiências você pode vivenciar coisas que não é.
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