Ciberbullying, jogos de controle, poder e lucro

Analisando as raízes históricas e as dinâmicas de poder do bullying e ciberbullying, este texto destaca a necessidade de uma abordagem estrutural para combater essas práticas abusivas.

Desde priscas eras, as relações de ameaça, perseguição, assédio e intimidação ocorrem entre indivíduos, entre grupos, entre classes. Na maioria das vezes, com interesses econômicos exploratórios, objetivando acúmulo de riqueza e poder.

De origem inglesa, desde o século passado, a palavra “bully” passou a designar alguém que assedia, intimida ou aterroriza outros, especialmente em contextos escolares. O mundo digital nos agregou o “ciber”, palavra de origem grega para controle e direção que inspirou o termo “cybernetics” – introduzido pelo matemático e filósofo norte-americano Norbert Wiener, em 1948, em seu livro Cibernética: ou o controle e comunicação no animal e na máquina (em inglês, “Cybernetics: Or Control and Communication in the Animal and the Machine”).

Nasce aí o atual “ciberbullying” – que é a prática de intimidação, assédio ou humilhação de uma pessoa ou grupo, utilizando meios digitais, como redes sociais, mensagens de texto, e-mails e outras plataformas online, em geral de forma repetitiva e intencional.

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Segurança digital e proteção de dados

Adotar senhas fortes, manter sistemas atualizados e verificar remetentes e sites, são práticas essenciais para proteger informações pessoais e financeiras contra ameaças online.

Todo mundo sabe que não se deve deixar aberta a porta de sua casa para evitar que ladrões o roubem, mas os mesmos cuidados não são tomados muitas vezes com relação às suas portas e janelas digitais, que dão acesso a suas contas bancárias, às suas redes sociais e outras ferramentas de comunicação.

Além dos dados mais sensíveis, como senhas, é cada vez mais importante resguardar outras informações de sua “persona” digital, que são cada vez mais captadas e usadas por grandes sistemas coletores e sistematizadores de dados, o chamado Big Data, potencializadas com algoritmos de inteligência artificial.

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A digitalização do mundo e o tecnoimperialismo

A digitalização e manipulação de dados impulsionam um novo imperialismo tecnopolítico, alimentando a extrema-direita e corroendo a democracia com algoritmos e exploração.

O mundo de hoje é composto de duas camadas complementares: a física, constituída de átomos, e a digital, formada de bits. O feijão que comemos tem seus nutrientes compostos de átomos, porém seu preço é feito em bits. Cada vez mais, todos os elementos da realidade são digitalizados, sejam objetos ou, principalmente, as pessoas e suas ações.

No mundo digitalizado, as pessoas definem seus trajetos através de informações de algoritmos de trânsito coletados em tempo real e retroalimentam o sistema com as coordenadas de seu geoposicionamento. Pesquisamos modelos e preços de aparelhos, encomendamos comida, curtimos postagens de amigos e desconhecidos, em uma série de ações que são mapeadas e cruzadas com todos os dados já existentes sobre cada um de nós. Isso tudo alimenta grandes bancos de dados, o tal de Big Data (grandes e complexos conjuntos de dados que precisam de tecnologias especiais para análise e compreensão), base essencial para as plataformas de inteligência artificial interagirem através de algoritmos desenhados com finalidades específicas.

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50 anos da Revolução dos Cravos

A luta contínua pela democracia e a influência histórica das colônias na queda do fascismo em Portugal.

“Temos a certeza que a liquidação do colonialismo português arrastará a destruição do fascismo em Portugal”, afirmou Amílcar Cabral, histórico líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, em 1961.

Juntamente com Agostinho Neto, do Movimento Popular de Libertação de Angola, e Samora Machel, da Frente de Libertação de Moçambique, os movimentos de libertação das colônias portuguesas tiveram uma influência significativa na conscientização política dos oficiais portugueses e desempenharam um papel importante na eclosão da Revolução do 25 de Abril em Portugal.

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Combatendo a ditadura das Big Techs

A urgência de regular as Big Techs diante de ameaças à democracia e soberania nacional, evidenciadas pelo comportamento disruptivo de figuras como Elon Musk.

O recente ataque do bilionário Elon Musk às instituições brasileiras colocou a nu um dos maiores perigos para a soberania das nações: o poder das chamadas Big Techs. Se, no início do século 20, a política do Big Stick (com o lema “fale manso e carregue um grande porrete”) foi uma abordagem de política externa adotada por Theodore Roosevelt, que usava o poder militar dos EUA para influenciar a política internacional, hoje as Big Techs usam sua força econômica e tecnológica para influenciar políticas e mercados.

As Big Techs, como são chamadas as grandes empresas mundiais de tecnologia, exercem um poder significativo devido ao seu tamanho, alcance e influência econômica, sendo cada vez mais capazes de moldar a opinião pública, influenciar políticas governamentais e definir padrões de consumo e comportamento através de suas plataformas e produtos. Suas políticas envolvem questões de privacidade de dados, monopólio de mercado e regulação, onde enfrentam desafios legais e sociais para equilibrar seus interesses comerciais com as preocupações públicas e governamentais.

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Inteligência artificial, menos esperta que gatos

A tecnologia, incluindo a inteligência artificial, não é neutra e reflete as relações de poder na sociedade. Portanto, é essencial que haja um controle democrático sobre o desenvolvimento e uso da IA.

Impressiona ver a quantidade de pessoas e organizações que dizem “precisamos fazer algo com a inteligência artificial” mas que não têm ideias sobre o que querem ou precisam fazer. Essa é o tipo de coisa que, se você não sabe o que fazer com ela, certamente deverá ter receios sobre o que outros poderiam fazer.

Yann LeCun, cientista-chefe de IA da Meta, acredita que o medo generalizado de que modelos poderosos de inteligência artificial sejam perigosos é em grande parte imaginário, porque a tecnologia atual está longe de ser humana, nem mesmo é comparável à inteligência ao nível de um gato. O cérebro de um gato doméstico tem cerca de 800 milhões de neurônios, o cérebro de um cão tem cerca de 2 bilhões de neurônios e um cérebro humano maduro tem cerca de 100 bilhões.

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Celulares em aulas e reuniões

Um dos efeitos nocivos da extrema conectividade que temos hoje é o excesso de informação usado como estratégia para a desinformação.

Todo mundo tem um celular no bolso ou na bolsa. Com a pandemia, as relações digitais – por texto, áudio ou vídeo – se expandiram, seja em conversas em pequenos grupos, em reuniões empresariais ou partidárias, em cursos à distância. Quando as pessoas não usam celular, utilizam computador (ou ambos).

Quando os Jetsons se comunicavam à distância com outras pessoas, ou em Jornada nas Estrelas, quando um Spock no planeta lá embaixo conversava numa boa com um Kirk na espaçonave em órbita, ninguém pensava nos inúmeros impactos que estas tecnologias de comunicação teriam sobre a sociedade, a psicologia, a economia e até mesmo nas relações amorosas, familiares e políticas.

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A língua portuguesa e os conteúdos digitais

Quantidade de conteúdos em língua portuguesa na internet pode ser reveladora do potencial, inclusive econômico, de nosso idioma.

A quantidade de conteúdos em língua portuguesa na internet pode ser reveladora do potencial, inclusive econômico, de nosso idioma – o nono mais falado no planeta (e quarto em termos de falantes nativos), sendo a língua mais falada no hemisfério sul. Estima-se que algo entre 3% e 4% dos conteúdos na internet estão em português. Já em termos da quantidade de livros, os publicados em nosso idioma representam cerca de 2% dos editados em inglês, diferença essa multiplicada em função das tiragens muito baixas do nosso mercado editorial.

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Robinson Crusoe e as tecnologias educacionais

A tomada de decisões – “motor” básico de quase toda a simulação – pode levar os estudantes a fazer uma série de perguntas, visando a algumas abordagens que a resolução de problemas implica.

Quando se fala em uso das novas tecnologias na escola sempre surgem as inevitáveis menções às inúmeras carências, de janelas quebradas até os baixos salários dos professores. Sem pretender entrar nessa discussão, pelo menos neste texto, não podemos deixar de apontar que é apenas com o melhor da tecnologia que evitaremos uma clivagem social ainda maior entre a escola pública e a privada (ou entre o Brasil e as nações desenvolvidas). Como disse Seymour Pappert a um interlocutor: “não morda meu dedo, olhe para onde estou apontando”.

Antes de prosseguirmos, vamos conceituar o que é tecnologia. Isto é fundamental numa área onde se cultuam tantos totens tecnológicos, onde se consideram obsoletos dispositivos que sequer tiveram suas possibilidades exploradas, e onde a “culpa” pelo não-uso é sempre da falta de equipamentos melhores.

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Multiverso, um possível universo digital

O conceito de metaverso, embora promissor, enfrenta desafios tecnológicos e comerciais para sua plena realização e impacto na sociedade.

O termo “metaverso” refere-se a um conceito expansivo e interativo de universo virtual, em plataformas online, onde as pessoas podem interagir entre si e com o ambiente digital tridimensional de maneira semelhante à interação no mundo real, por meio de avatares personalizados.

Este conceito surgiu em um livro de ficção científica chamado Snow Crash, do escritor Neal Stephenson, publicado em 1992, mas ganhou popularidade em 2021, quando o Facebook anunciou a mudança de nome para Meta e revelou seus planos de construir um metaverso. Outras empresas de tecnologia, como a Microsoft, também estão investindo nessa ideia. Uma primeira versão de metaverso alcançou certa popularidade há alguns anos com o Second Life, lançado em 2003. Foi um dos primeiros mundos virtuais 3D online a permitir que os usuários criassem seus próprios avatares e interagissem uns com os outros em um ambiente online compartilhado.

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