Se vou te perder (Gloria Estefan)

Pela última vez,
temos que falar.
Melhor que seja já, pois minha coragem
pode me faltar.

Por mais que tentasse,
não te pude mudar.
Tu que me entendes bem…saberás…
que a ti, nada te quero ocultar.
Porém tenho que ser,
tenho que ser como sou.

Ainda que te perca ao final,
serei quem mais te amou.
Ninguém dará o que te dou,
por isso hoje

Se vou te perder já,
que seja definitivamente.
Se vou te perder já,
é para sempre.
Entendes

Que prefiro deixar-te ir
e aprender a viver sem ti
Porque se vou te perder já,
não voltes.

Que esperas de mim?
Não espero nada de ti.
Eu só quero que estejas feliz
embora saiba que pode ser que seja sem mim.

Porém meu coração
já não pode mais
se te volto a perder talvez…
eu serei…a que não volta jamais
já não mais.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Si voy a perderte
Gloria Estefan

Por ultima vez
Tenemos que hablar
Mejor que sea ya, pues mi valor
Me puede faltar

Por mas que trate
No te pude cambiar
Tu que me entiendes bien… sabras…
Que a ti… nada te quiero ocultar
Pero tengo que ser,
Tengo que ser como soy

Aunque te pierda al fin, seré…
Quien mas te amo
Nadie dara lo que te doy
Por eso hoy

Si voy a perderte ya
Que sea por vez final
Si voy a perderte ya
Es para siempre
Entiendes

Que prefiero dejarte ir
Y aprender a vivir sin ti
Porque si voy a perderte ya
No vuelvas

Espera de mi
Espero nada de ti
Yo solo quero que sea feliz aunque se
Que puede ser que se asi

Que mi corazon
Ya no puede mas
Si te vuelvo a perder tal vez…
Yo sere…la que no vuelve jamas
Ya no mas

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Cantares (Manuel Machado)

Vinho, sentimentos, guitarra e poesia
fazem os cantares da pátria minha.
Cantares…
Quem disse cantares disse Andaluzia.

À sombra fresca da velha parreira,
um moço dedilha a guitarra…
Cantares…
Algo que acaricia e algo que dilacera

“A nota aguda” que canta e o “baixo’ que chora…
E o tempo calado se vai hora após hora.
Cantares…
São marcas fatais da raça moura.

Não importa a vida, que já está perdida,
e, depois de tudo, que é isso, a vida?…
Cantares…
Cantando a dor, a dor se esquece.

Mãe, dor, sorte, dor, mãe, morte,
olhos pretos, negros, e negra a sorte…
Cantares…
Neles a alma da alma se verte.

Cantares. Cantares da pátria minha,
quem disse cantares disse Andaluzia.
Cantares…
Não tem mais notas a guitarra minha.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Cantares
Manuel Machado

Vino, sentimiento, guitarra y poesía,
hacen los cantares de la patria mía…
Cantares…
Quien dice cantares, dice Andalucía.

A la sombra fresca de la vieja parra,
un mozo moreno rasguea la guitarra…
Cantares…
Algo que acaricia y algo que desgarra.

La prima que canta y el bordón que llora…
Y el tiempo callado se va hora tras hora.
Cantares…
Son dejos fatales de la raza mora.

No importa la vida, que ya está perdida.
Y, después de todo, ¿qué es eso, la vida?…

Cantares…
Cantando la pena, la pena se olvida.

Madre, pena, suerte; pena, madre, muerte;
ojos negros, negros, y negra la suerte.
Cantares…
En ellos, el alma del alma se vierte.

Cantares. Cantares de la patria mía…
Cantares son sólo los de Andalucía.
Cantares…
No tiene más notas la guitarra mía.

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Outono (Manuel Machado)

No parque, eu só…
Hão fechado
e, esquecido
no parque velho, só
Me hão deixado.

A folha seca
vagamente
indolente
roça o solo…
Nada sei,
nada quero,
nada espero,
Nada…


no parque me hão deixado
esquecido,
…e hão fechado.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Otoño
Manuel Machado

En el parque, yo solo…
Han cerrado
y, olvidado
en el parque viejo, solo
me han dejado.

La hoja seca,
vagamente,
indolente,
roza el suelo…
Nada sé,
nada quiero,
nada espero.
Nada…

Solo
en el parque me han dejado
olvidado,
…y han cerrado.

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Melancolia (Manuel Machado)

Sinto-me, às vezes, triste
como uma tarde do outono velho;
de saudades sem nomes,
de aflições melancólicas tão cheio…
Meu pensamento, então,
vaga junto às tumbas dos mortos
e em torno dos ciprestes e salgueiros
que abatidos, se inclinam… e me lembro
de historias tristes, sem poesia… Historias
que têm quase brancos meus cabelos.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Melancolía
Manuel Machado

Me siento, a veces, triste
como una tarde del otoño viejo;
de saudades sin nombre,
de penas melancólicas tan lleno…
Mi pensamiento, entonces,
vaga junto a las tumbas de los muertos
y en torno a los cipreses y a los sauces
que, abatidos, se inclinan… Y me acuerdo
de historias tristes, sin poesía… Historias
que tienen casi blancos mis cabellos.

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Credo (Miguel Angel Astúrias)

Creio na Liberdade, Mãe de América
criadora de mares doces na terra,
e em Bolívar, seu filho, Senhor Nosso
que nasceu em Venezuela, padeceu
sob o poder espanhol, foi combatido,
sentiu-se morto sobre o Chimborazo,
ressuscitou na voz de Colômbia,
tocou ao Eterno com suas mãos
e está parado junto a Deus!

Não nos julgues, Bolívar, antes do dia último,
porque cremos na comunhão dos homens
que comungam com o povo, só o povo
faz livres aos homens, proclamamos
guerra a morte e sem perdão aos tiranos
cremos na ressurreição dos heróis
e na vida perdurável dos que como Tu,
Libertador, não morrem, fecham os olhos e se
ficam velando.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Credo
Miguel Angel Asturias

¡Credo en la Libertad, Madre de América,
creadora de mares dulces en la tierra,
y en Bolívar, su hijo, Señor Nuestro
que nació en Venezuela, padeció
bajo el poder español, fue combatido,
sintióse muerto sobre el Chimborazo,
resucitó a la voz de Colombia,
tocó al Eterno con sus manos
y está parado junto a Dios!

¡No nos juzgues, Bolívar, antes del día último,
porque creemos en la comunión de los hombres
que comulgan con el pueblo, sólo el pueblo
hace libres a los hombres, proclamamos
guerra a muerte y sin perdón a los tiranos,
creemos en la resurrección de los héroes
y en la vida perdurable de los que como Tú,
Libertador, no mueren, cierran los ojos y se quedan velando!

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Passa e esquece (Rubén Darío)

Peregrino que vais buscando em vão
Um caminho melhor que teu caminho,
Como queres que te dê a mão,
Se meu estigma é teu estigma, peregrino?
Não chegarás jamais a teu destino;
Levas a morte em ti como o verme
Que te rói o que tens de humano…
O que tens de humano e de divino!
Segue tranqüilamente, Oh! Caminhante!
Ainda te fica muito distante
Esse país incógnito que sonhas…
E sonhar é um mal. Passa e esquece,
Pois se te empenhas em sonhar, te empenhas
Em aventar a chama de tua vida.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Pasa y Olvida
Rubén Darío

Peregrino que vas buscando en vano
un camino mejor que tu camino,
¿cómo quieres que yo te dé la mano,
si mi signo es tu signo, Peregrino?
No llegarás jamás a tu destino;
llevas la muerte en ti como el gusano
que te roe lo que tienes de humano…
¡lo que tienes de humano y de divino!
Sigue tranquilamente, ¡oh, caminante!
Todavía te queda muy distante
ese país incógnito que sueñas…
Y soñar es un mal. Pasa y olvida,
pues si te empeñas en soñar, te empeñas
en aventar la llama de tu vida.

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Eros é a água (Gioconda Belli)

Entre as tuas pernas
o mar revela-me estranhos recifes
rochas erguidas corais altaneiros
contra a minha gruta de búzios concha nácar
o teu molusco de sal persegue a corrente
a pequena água inventa-me barbatanas
mar da noite com luas submersas
tua ondulação brusca de polvo congestionado
acelera nas minhas guelras um latejar de esponja
e os cavalos minúsculos flutuam entre gemidos
enredados em longos pistilos de medusa.
Amor entre golfinhos
aos altos lança-te sobre o meu flanco leve
recebo-te sem ruído olho-te entre bolhas
cerco o teu riso com a minha boca espuma
ligeireza da água oxigênio de tua vegetação de clorofila
a coroa de lua abre espaço ao oceano.
Dos olhos prateados
flui longo olhar final
e erguemo-nos do corpo aquático
somos carne outra vez
uma mulher e um homem
entre as rochas.

(Tradução de José Agostinho Baptista)

Eros es el água
Gioconda Belli

Entre tus piernas
el mar me muestra extraños arrecifes
rocas erguidas corales altaneros
contra mi gruta de caracolas concha nácar
tu molusco de sal persigue la corriente
el agua corta me inventa aletas
mar de la noche con lunas sumergidas
tu oleaje brusco de pulpo enardecido
acelera mis branquias los latidos de esponja
los caballos minúsculos flotando entre gemidos
enredados en largos pistilos de medusa.
Amor entre delfines
dando saltos te lanzas sobre mi flanco leve
te recibo sin ruido te miro entre burbujas
tu risa cerco con mi boca espuma
ligereza del agua oxigeno de tu vegetación de clorofila
la corona de luna abre espacio al océano
De océano los ojos plateados
fluye larga mirada final
y nos alzamos desde el cuerpo acuático
somos carne otra vez
una mujer y un hombre
entre las rocas.

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Não me mandes para o canto (Diana Bellessi)

Quando digo a palavra
nuca
chupo-te suavemente
até afundar
o dente aqui?
Acaso estou te tocando?
Quando digo bico do peito
a mão roça
as dilatadas rosas dos peitos teus?
Toco-te acaso?
Toca, língua, acaso o canto
de meus lábios e aprisiona
na vasta cavidade do corpo
que deseja ser tocado e cingido
por tua língua quando nomeia
por minha boca a palavra língua, acaso?
Não me mandes para o canto
Não faças de mim a testemunha
que se olha te tocando com palavras
É a mão nomeada
não o nome
que deseja aprisionar tuas nádegas
– Fala-me
– Como será?
– O quê?
– Tua voz
Fogo oculto na madeira
do fogo que se expande?
É assim que será?
O corpo de tua voz
no instante em que
não me mandes para o canto
Flui mel das romãs
Não quero
tocar um fantasma
nem quero
a fantasia cortês
do trovador à sua dama
É a você, minha amada
áspero corpo da amiga que desejo
Gesto
de mútua apropriação
instante
onde não se sabe
os limites do tu, do eu
O nome e o nomeado
em tersa conjunção que sabe
não durará
e sabe
é mais eterno
que o gume de um diamante
Alegre
relâmpago de garra
e de mordedura
animal
o mais belo de todos
o instinto
impera aqui
Sua voz não tem tradução
Verbal moeda de intercâmbio
não
Só o audaz abraço, minha amiga,
responde aqui

(Tradução de Santiago Kovadloff )

No me mandes al rincón
Diana Bellessi

Cuando digo la palabra
nuca
¿te chupo suavemente
hasta hundir
el diente aquí?
¿Estoy tocándote acaso?
Cuando digo pezón
¿la mano roza
las dilatadas rosas de los pechos tuyos?
¿te toco acaso?
¿Toca, lengua, la comisura
de mis labios y aprisiona
en la vasta cavidad el cuerpo
que desea ser tocado y ceñido
por tu lengua cuando nombra
mi boca la palabra lengua, acaso?
No me mandes al rincón
No hagás de mí el testigo
que se mira tocarte con palabras
Es la mano nombrada
no el nombre
quien desea aprisionar tus nalgas
-Hábleme
-¿Cómo será?
-¿Qué?
-Tu voz
¿fuego oculto en la madera
del fuego que se expande?
¿Así será?
El cuerpo de tu voz
en el instante en que
no me mandes al rincón
fluye miel de las granadas
No quiero
tocar un fantasma
ni quiero
la fantasía cortés
del trovador a su dama
Es a vos, mi amada
áspero cuerpo de la amiga a quien deseo
Gesto
de mutua apropiación
instante
donde no se sabe
los límites del tú, del yo
El nombre y lo nombrado
en tersa conjunción que sabe
no durará
y sabe
es más eterno
que el filo de un diamante.
Alegre
relámpago de zarpa
y del mordisco
animal
el más bello de todos
el instinto
impera aquí
Su voz no tiene traducción
Verbal moneda de intercambio
no
Sólo el audaz abrazo, amiga mía,
responde aquí

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O pão nosso (César Vallejo)

Bebe-se o café da manhã…úmida terra
de cemitério cheira a sangue amado.
Cidade de inverno…A mordaz cruzada
de uma carreta que arrastar parece
uma emoção de jejum encadeada!

Quisera bater em todas as portas,
e perguntar por não sei quem, e logo
ver aos pobres, e, chorando quietos
dar pedacinhos de pão fresco a todos.
E saquear aos ricos seus vinhedos
com as duas mãos santas
que a um golpe de luz
voaram desencravadas da Cruz!

Pestana matinal, não vos levanteis!
O pão nosso de cada dia dá-nos,
Senhor…!

Todos os meus ossos são alheios
eu talvez os roubei!
Eu vim a dar-me o que acaso esteve
destinado para outro;
e penso que, se não houvesse nascido,
outro pobre tomasse este café!
Eu sou um mau ladrão…Aonde irei!

E nesta hora fria, em que a terra
transcende ao pó humano e é tão triste,
quisera eu bater em todas as portas,
e suplicar a não sei quem, perdão,
e fazer-lhe pedacinhos de pão fresco
aqui, no forno de meu coração…!

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

» Biografia de César Vallejo

El pan nuestro
César Vallejo

Se bebe el desayuno… Húmeda tierra
de cementerio huele a sangre amada.
Ciudad de invierno… La mordaz cruzada
de una carreta que arrastrar parece
una emoción de ayuno encadenada!

Se quisiera tocar todas las puertas,
y preguntar por no sé quién; y luego
ver a los pobres, y, llorando quedos,
dar pedacitos de pan fresco a todos.
Y saquear a los ricos sus viñedos
con las dos manos santas
que a un golpe de luz
volaron desclavadas de la Cruz!

Pestaña matinal, no os levantéis!
¡El pan nuestro de cada día dánoslo,
Señor…!

Todos mis huesos son ajenos;
yo talvez los robé!
Yo vine a darme lo que acaso estuvo
asignado para otro;
y pienso que, si no hubiera nacido,
otro pobre tomara este café!
Yo soy un mal ladrón… A dónde iré!

Y en esta hora fría, en que la tierra
trasciende a polvo humano y es tan triste,
quisiera yo tocar todas las puertas,
y suplicar a no sé quién, perdón,
y hacerle pedacitos de pan fresco
aquí, en el horno de mi corazón…!

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Os amantes (Otto René Castillo)

Se haviam
encontrado faz pouco
e logo
se haviam separado,
levando
cada um consigo
seu nunca ou seu jamais
sua afirmação de esquecimento
sua golpeadora dor.

Porém o último beijo
que voara de suas bocas,
era um planeta azul.
Girando
em torno a sua ausência
e eles
viviam de sua luz
igual que de sua recordação.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Los amantes
Otto René Castillo

Se habían
encontrado hace poco.
Y hace pronto
se habían separado,
llevándose
cada uno consigo
su nunca o su jamás
su afirmación de olvido,
su golpeador dolor.

Pero el último beso
que volara de sus bocas,
era un planeta azul.
Girando
en torno a su ausencia.
Y ellos
vivían de su luz
igual que de su recuerdo.

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