Tu que nunca serás (Alfonsina Storni)

Sábado foi e caprichoso o beijo dado,
Capricho de varão, audaz e fino
Mas foi doce o capricho masculino
A este meu coração, lobinho alado.

Não é que creia, não creio, se inclinado
sobre minhas mãos te senti divino
E me embriaguei, compreendo que este vinho
Não é para mim, mas jogo e roda o dado…

Eu sou a mulher que vive alerta,
Tu o tremendo varão que se desperta
E é uma torrente que se desvanece no rio

E mais se encrespa enquanto corre e poda.
Ah, resisto, mas me tens toda,
Tu, que nunca serás de todo meu.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

» Biografia de Alfonsina Storni

Tu, que nunca serás
Alfonsina Storni

Sábado fue, y caprichoso el beso dado,
capricho de varón, audaz y fino,
mas fue dulce el capricho masculino
a este mi corazón, lobezno alado
No es que crea, no creo, si inclinado
sobre mis manos te sentí divino,
y me embriagué. Comprendo que este vino
no es para mí, más juego y rueda el dado.

Yo soy la mujer que vive alerta,
tú el tremendo varón que se despierta
y es un torrente que se ensancha en río,

y más se encrespa mientras corre y poda.
Ah, me resisto, más me tienes toda,
Tú, que nunca serás del todo mío.

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