Poema do esquecimento (José Angel Buesa)

Vendo passar as nuvens foi passando a vida,
e tu, como uma nuvem, passaste por meu tédio.
E se uniram então teu coração e o meu,
como se vão unindo as bordas de uma ferida.

Os últimos sonhos e os primeiros cabelos brancos
entristecem de sombra todas as coisas belas;
e hoje tua vida e minha vida são como as estrelas,
pois podem se ver juntas, estando distantes…

Eu bem sei que o esquecimento, como uma água maldita,
nos dá uma sede mais funda que a sede que nos resgata,
porém estou tão seguro de poder esquecer…

E olharei as nuvens sem pensar que te quero,
com o hábito surdo de um velho marinheiro
que ainda sente, em terra firme, a ondulação do mar.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Poema del olvido
José Angel Buesa

Viendo pasar las nubes fue pasando la vida,
y tú, como una nube, pasaste por mi hastío.
Y se unieron entonces tu corazón y el mío,
como se van uniendo los bordes de una herida.

Los últimos ensueños y las primeras canas
entristecen de sombra todas las cosas bellas;
y hoy tu vida y mi vida son como las estrellas,
pues pueden verse juntas, estando tan lejanas…

Yo bien sé que el olvido, como un agua maldita,
nos da una sed más honda que la sed que nos quita,
pero estoy tan seguro de poder olvidar…

Y miraré las nubes sin pensar que te quiero,
con el hábito sordo de un viejo marinero
que aún siente, en tierra firme, la ondulación del mar.

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