O vento e a alma (Luiz Cernuda)

Com tal veemência o vento
vem do mar, que seus sons
elementares contagiam
o silêncio da noite.

Só em tua cama o escutas
insistente nos cristais
tocar, chorando e chamando
como perdido sem ninguém.

Porém não é ele quem em desvelo
Tem-te, senão outra força
de que teu corpo é hoje prisão,
foi vento livre, e recorda.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

El viento y el alma
Luis Cernuda

Con tal vehemencia el viento
viene del mar, que sus sones
elementales contagian
el silencio de la noche.

Solo en tu cama le escuchas
insistente en los cristales
tocar, llorando y llamando
como perdido sin nadie.

Mas no es él quien en desvelo
te tiene, sino otra fuerza
de que tu cuerpo es hoy cárcel,
fue viento libre, y recuerda.

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