Dulcia Linquimus Arva (Jorge Luis Borges)

Minha canção de crioulo final,
pela noite acrescida de relâmpagos
no expresso do Sul
que quebra o fundo e perde os campos.
Uma amizade fizeram meus avós
Com esta distância
E conquistaram a intimidade do Pampa
e ligaram a sua destreza
a terra, o fogo, o ar, a água.
Foram soldados e fazendeiros
e apascentaram o coração com manhãs
e o horizonte igual que um bordão
tocou na profundeza da sua austera jornada.
Sua jornada foi clara como um rio
E era fresca sua tarde como o poço de água do quintal
e em seu viver eram as quatro estações
Como os quatro versos de uma estrofe esperada.
Decifraram intratáveis poeiras
Em carretas ou em cavaladas
e os alegrou o resplendor
Com que aviva o sereno a luz da armadura.
Um batalhou contra os godos,
Outro no Paraguai cansou sua espada;
Todos souberam do abraço do mundo
e foi mulher submissa a seu querer a campanha.
Os outros corações foram serenos
Como janela que da ao campo;
Resplandecentes e altos eram seus dias
Feitos de céu e plano.
Sabedoria de terra adentro a sua,
Da laçada que é comida
E da estrela que é vereda
E do violão acendido.
Sangue negro de estrofe brotou baixo suas mãos;
Sentiram-se confessos no canto de um pássaro.
Sou um caipira e já não sei dessas coisas,
Sou homem da cidade, do bairro, da rua;
Os bondes distantes me ajudam a tristeza
Com essa queixa longa que soltam na tarde.

(Tradução de Héctor Zanetti)

» Biografia de Jorge Luis Borges

Dulcia Linquimus Arva
Jorge Luis Borges
Mi canción de criollo final,
por la noche agrandada de relámpagos
en el espreso del Sur
que desfonda y pierde los campos.
Una amistad hicieron mis abuelos
Con esta lejanía
Y conquistaron la intimidad de la Pampa
Y ligaron a su baquía
La tierra, el fuego, el aire, el agua.
Fueron soldados y estancieros
Y apacentaron el corazón con mañanas
Y el horizonte igual que una bordona
Sonó en la hondura de su austera jornada.
Su jornada fué clara como un río
Y era fresca su tarde como el aljibe del patio
Y en su vivir eran las cuatro estaciones
Como los cuatro versos de una copla esperada.
Descifraron hurañas polvaredas
En carretas o en caballadas
Y los alegró el resplandor
Con que aviva el sereno la luz de la espadaña.
Uno peleó contra los godos,
Otro en el Paraguay cansó su espada;
Todos supieron del abrazo del mundo
Y fué mujer sumisa a su querer la campaña.
Los otros corazones fueron serenos
Como ventana que da al campo;
Resplandecientes y altos eran sus días
Hechos de cielo y llano.
Sabiduría de tierra adentro la suya,
De la lazada que es comida
Y de la estrella que es vereda
Y de la guitarra encendida.
Sangre negra de copla brotó bajo sus manos;
Se sentieron confesos en el canto de un pájaro.
Soy un pueblero y ya no sé de esas cosas,
Soy hombre de ciudad, de barrio, de calle;
Los tranvías lejanos me ayudan la tristeza
Con esa queja larga que sueltan en la tarde.

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