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Arquivo do Autor: Maria Teresa Pina
Em direção a um saber sobre a alma (María Zambrano)
E assim fui ficando à margem.Abandonada da palavra,chorando interminavelmente como se do marsubisse o pranto, sem mais sinalde vida que o bater do coração e o palpitardo tempo em minhas têmporas,na indestrutível noite da vida.Noite eu mesma. (Tradução de Maria … Continue lendo
Da aurora (María Zambrano)
A noite, em uma de suas formas de plenitudeé a noite do sentido, quando o sentidodo que está à beira da morte,ou sobre a morte como um mar único sustenido,se produz, a salvadora noite do sentidopor desolada que seja. Porque … Continue lendo
Casida da rosa (Federico García Lorca)
A rosanão buscava a aurora:Quase eterna em seu ramobuscava outra coisa. A rosanão buscava nem ciência nem sombra:Confim de carne e sonhobuscava outra coisa. A rosanão buscava a rosa:Imóvel pelo céubuscava outra coisa! (Tradução de Maria Teresa Almeida Pina) Obs: … Continue lendo
É verdade (Federico García Lorca)
Ai que trabalho me dáquerer-te como te quero! Por teu amor me dói o ar,o coraçãoe o chapéu. Quem compraria a mimesta tiara que tenhoe esta tristeza de fiobranco, para fazer lenços? Ai que trabalho me dáquerer-te como te quero! … Continue lendo
Vinte poemas de amor e uma canção desesperada – IV (Pablo Neruda)
É a manhã cheia de tempestadeno coração do verão. Como lenços brancos de adeus viajam as nuvens,o vento as sacode com suas mãos viajantes. Inumerável coração do ventobatendo sobre nosso silêncio enamorado. Zumbindo entre as árvores, orquestral e divino,como uma … Continue lendo
Ai! (Federico García Lorca)
O grito deixa no ventouma sombra de cipreste. (Deixe-me neste campo,chorando) Tudo se há quebrado no mundoNão resta mais que o silêncio. (Deixe-me neste campo,chorando) O horizonte sem luzestá desfalcado de fogueiras. (Já lhes disse que me deixemneste campo,chorando) (Tradução … Continue lendo
Silêncio! (Rosalía de Castro)
Silêncio!A mão nervosa e palpitante o seio,as névoas nos meus olhos condensadas,com um mundo de dúvidas nos sentidose um mundo de tormentos nas entranhas,sentindo como lutamem sem igual batalhaimortais desejos que atormentame rancores que matam.Molho no próprio sangue a dura … Continue lendo
Sinais (Piedad Bonnett)
A lua brilha com esse furor cegoque é sinal inequívocode que há chegado o tempo fértil do sacrifício.Cheira à pele rajada dos tigres,a orquídea que se abre,ao húmus que a chuva começa a escurecer.Em um sonho de rios e serpentesnaufraga … Continue lendo
Canção (Piedad Bonnett)
Nunca foi tão formosa a mentiracomo em tua boca, em meioa pequenas verdades banaisque eram todoteu mundo que eu amava,mentira desprendidasem afãs, caindocomo chuva,sobre a escura terra desolada.Nunca tão doce foi a mentirosapalavra enamorada apenas dita,nem tão altos os sonhosnem … Continue lendo
Cristo negro (Eulalia Bernard)
Com as mãospregadas na sua testachora e rida dor que lhe causouum simples nãodo céuque o deixousem pátriaque o deixousem terraque o deixousem mãeque o deixouque o deixou… (Tradução de Maria Teresa Almeida Pina) Cristo negroEulalia Bernard Con las manosclavadas … Continue lendo