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Arquivo do Autor: Maria Teresa Pina
A felicidade (Jorge Luis Borges)
O que abraça a uma mulher é Adão. A mulher é Eva. Tudo acontece pela primeira vez. Hei visto uma coisa branca no céu. Dizem-me que é a lua, mas que posso fazer com uma palavra e com uma mitologia. … Continue lendo
Cosmogonia (Jorge Luis Borges)
Nem treva nem caos. A treva Requer olhos que veem, como o som. E o silêncio requer o ouvido, O espelho, a forma que o povoa. Nem o espaço nem o tempo. Nem sequer Uma divindade que premedita O silêncio … Continue lendo
Sonha Alonso Quijano (Jorge Luis Borges)
O homem se desperta de um incerto Sonho de espadas e de campo plano E se toca a barba com a mão e se pergunta se está ferido ou morto. Não o perseguirão os feiticeiros que hão jurado seu mal … Continue lendo
Poema do esquecimento (José Angel Buesa)
Vendo passar as nuvens foi passando a vida, e tu, como uma nuvem, passaste por meu tédio. E se uniram então teu coração e o meu, como se vão unindo as bordas de uma ferida. Os últimos sonhos e os … Continue lendo
Coração couraça (Mario Benedetti)
Porque te tenho e não porque te penso porque a noite está de olhos abertos porque a noite passa e digo amor porque vieste a recolher tua imagem porque és melhor que todas tuas imagens porque és linda desde o … Continue lendo
Meu amor (Eugenio Montejo)
Em outro corpo vai meu amor por esta rua, sinto seus passos embaixo da chuva, caminhando, sonhando, como em mim já faz tempo… Há ecos de minha voz em seus sussurros posso reconhecê-los. Tem agora uma idade que era a … Continue lendo
Epigramas (Ernesto Cardenal)
Te dou Cláudia, estes versos, porque tu és a dona. Os escrevi simples para que tu os entendas. São para ti somente, mas se a ti não te interessam, um dia se divulgarão, talvez por toda Hispanoamerica… E se ao … Continue lendo
Alfabeto do mundo (Eugenio Montejo)
Em vão me demoro soletrando o alfabeto do mundo. Leio nas pedras um escuro pranto, ecos afogados em torres e edifícios, indago a terra pelo tato cheia de rios, paisagens e cores, mas ao copiá-los sempre me equivoco. Necessito escrever … Continue lendo
E que venha a noite… (Carlos Enrique Ungo)
Presenteia-me o riso de teus olhos a tênue luz de teu sorriso o milagre de teu nome em minha boca. Presenteia-me a umidade de teus beijos o tíbio manto de teu abraço o mar embravecido de teu corpo junto ao … Continue lendo
Obrigada à vida (Violeta Parra)
Obrigada à vidaque me deu tantoDeu-me dois olhosque quando os abroperfeito distingoo preto do brancono alto céu seu fundo estreladoe nas multidões o homem que eu amo. Obrigada à vidaque me deu tantoDeu-me o ouvidoque em toda sua extensãograva noite … Continue lendo