A flor do ar (Gabriela Mistral)

Eu a encontrei por meu destino,
de pé a metade da pradaria,
governadora do que passe,
do que lhe fale e que a veja.

E ela me disse: “Sobe ao monte.
Eu nunca deixo a pradaria,
e me cortas as flores brancas
como neves, duras e delicadas”.

Subi à ácida montanha,
busquei as flores onde alvejam,
entre as rochas existindo
meio dormidas e despertas.

Quando desci com minha carga,
a encontrei a metade da pradaria.
e fui cubrindo-a frenética
com uma torrente de açucenas

e sem olhar-se a brancura,
ela me disse: “Tu carregas
agora só flores vermelhas.
Eu não posso passar a pradaria”.

Subi as penas com o veado
e busquei flores de demência,
as que avermelham e parecem
que de vermelho vivam e morram.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

» Biografia de Gabriela Mistral

La flor Del aire
Gabriela Mistral

Yo la encontré por mi destino,
de pie a mitad de la pradera,
gobernadora del que pase,
del que le hable y que la vea.

Y ella me dijo: “Sube al monte.
Yo nunca dejo la pradera,
y me cortas las flores blancas
como nieves, duras y tiernas.”

Me subí a la ácida montaña,
busqué las flores donde albean,
entre las rocas existiendo
medio dormidas y despiertas.

Cuando bajé, con carga mía,
la hallé a mitad de la pradera,
y fui cubriéndola frenética,
con un torrente de azucenas.

Y sin mirarse la blancura,
ella me dijo: “Tú acarrea
ahora sólo flores rojas.
Yo no puedo pasar la pradera.”

Trepe las penas con el venado,
y busqué flores de demencia,
las que rojean y parecen
que de rojez vivan y mueran.

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