E te dei o cheiro
De todas minhas dálias e narcos em flor.
E te dei o tesouro
Das fundas minas de meus sonhos de ouro.
E te dei mel,
Do favo moreno que finge minha pele.
E tudo te dei!
E como uma fonte generosa e viva para tua alma fui.
E tu, deus de pedra
Entre cujas mãos nem a hera cresce;
E tu deus de ferro
Ante cujas plantas velei como um cachorro,
Desdenhaste o ouro, o mel e o cheiro.
E agora retornas, mendigo de amor!
A buscar as dálias, a implorar o ouro,
A pedir de novo todo aquele tesouro!
Ouve, mendigo:
Agora que tu queres é que eu não quero,
Se o roseiral floresce,
É já para outro que em casulo cresce.
Vá embora, deus de pedra,
Sem fontes, sem dálias, sem mel, sem hera
Igual que uma estátua,
A quem Deus baixara do pedestal, por vaidade.
Vá embora, deus de ferro!
Que junto a outras plantas se há estendido o cachorro!
(Tradução Hector Zanetti)
Implacable
Juana IbarbourouY te di el olor
De todas mis dalias y nardos en flor.
Y te di el tesoro
De las hondas minas de mis sueños de oro.
Y te di la miel,
Del panal moreno que finge mi piel.
¡Y todo te di!
Y como una fuente generosa y viva para tu alma fui.
Y tú, dios de piedra
Entre cuyas manos ni la yedra medra;
Y tú, dios de hierro
Ante cuyas plantas velé como un perro,
Desdeñaste el oro, la miel y el olor.
¡Y ahora retornas, mendigo de amor.
A buscar las dalias, a implorar el oro,
A pedir de nuevo todo aquel tesoro!
Oye, pordiosero:
Ahora que tú quieres es que yo no quiero.
Si el rosal florece,
Es ya para otro que en capullos crece.
Vete, dios de piedra,
Sin fuentes, sin dalias, sin mieles, sin yedra.
Igual que una estatua,
A quien Dios bajara del plinto, por fatua.
¡Vete, dios de hierro,
Que junto a otras plantas se ha tendido el perro!
Sou uruguaia e a literatura de Juana de Ibarbourou coloriu minha adolescência. Muito obrigada por acessar tão doces lembranças.