Soneto amoroso definindo o amor (Francisco de Quevedo)

É gelo abrasador, é fogo gelado,
é ferida que dói e não se sente,
é um bem sonhado, um mal presente,
é um breve descanso muito cansado;

é um descuido que nos dá cuidado,
um covarde, com nome de valente,
um andar solitário entre a gente,
um amar somente ser amado;

é uma liberdade encarcerada,
que dura até o derradeiro paroxismo,
enfermidade que cresce se é curada.

Este é a criança Amor, este é seu abismo.
Olha qual amizade terá com nada
o que em tudo é contrário de si mesmo!

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Soneto amoroso difiniendo el amor
Francisco de Quevedo

Es hielo abrasador, es fuego helado,
es herida que duele y no se siente,
es un soñado bien, un mal presente,
es un breve descanso muy cansado;

es un descuido que nos da cuidado,
un cobarde, con nombre de valiente,
un andar solitario entre la gente,
un amar solamente ser amado;

es una libertad encarcelada,
que dura hasta el postrero parasismo;
enfermedad que crece si es curada.

Éste es el niño Amor, éste es su abismo.
Mirad cuál amistad tendrá con nada
el que en todo es contrario de sí mismo!

Esta entrada foi publicada em Francisco de Quevedo e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *