Ressaca (Yolanda Bedregal)

Quando já a ressaca deixe minha alma na praia,
e do arco cansado de meu ombro se vai
a asa cortada, qual vela desafiante,
em cicatriz e marca prolongará o instante.

Ficarão vigiando, símbolo trivial,
dois pobres olhos pródigos e uma mendiga fronte
Catacumba de água, amor! Não me conheces!

Nem ninguém nos conhece. Só há fugazes toques,
desencontros, na apertada mudez de encruzilhadas.
Expiam sua demora, presenças nunca achadas.

Não são cruz já os braços nem altar para holocausto
de selvagens ternuras. Com seu resplendor exausto,
um sol desalentado afunda os abismos.

Somos pó e luzeiro, tudo em nós mesmos.

Para esta elementar cinza taciturna
seja a imensa lágrima do Mar celeste urna.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Resaca
Yolanda Bedregal

Cuando ya la resaca deje mi alma en la playa,
y del arco agobiado de mi espalda se vaya
el ala cercenada, cual vela desafiante,
en cicatriz y estela prolongará el instante.

Quedarán vigilando, símbolo intrascendente,
dos pobres ojos pródigos y una mendiga frente.
¡Catacumba de agua, amor! ¡No me conoces!

Ni nadie nos conoce. Sólo hay fugaces roces,
desencuentros, en la prieta mudez de encrucijadas.
Expían su demora presencias nunca halladas.

No son cruz ya los brazos ni altar para holocausto
de salvajes ternuras. Con su claror exhausto,
un sol desalentado ahonda los abismos.

Somos polvo y lucero, todo en nosotros mismos.

Para esta elemental ceniza taciturna
sea la inmensa lágrima del Mar celeste urna.

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