Ontem à noite (Marguerite Duras)

Ontem à noite, depois da sua partida definitiva, fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque, fui para ali onde fico sempre no mês de junho, esse mês que inaugura o Inverno. Tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral. Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais, e depois disse para comigo: vou começar a escrever para me curar da mentira de um amor que acaba. Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque. E depois comecei a escrever…

(Tradução de Tereza Coelho)

» Biografia de Marguerite Duras

Esta entrada foi publicada em Marguerite Duras e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

One Response to Ontem à noite (Marguerite Duras)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *