Será hoje, dia 15/09, à tarde, a leitura da Carta de Porto Alegre. Nela estarão concentradas as principais reivindicações do setor audiovisual. Depois dos diversos grupos de trabalho e painéis expositivos, está sendo redigido documento que agregará diversas colocações – e seus respectivos consensos. A Carta de Porto Alegre será entregue aos principais candidatos à Presidência da República e Governos Estaduais.

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TVs, Novas Mídias e Convergências Digitais

O painel quatro, último do dia, foi também um dos mais cheios e um dos mais quentes. A conversa discorreu sobre vários aspectos referentes ao audiovisual hoje. Estiveram presentes, sob coordenação de Chico Faganello (Santacine / ABD), Murilo Azevedo (MinC), Roberto Farias (cineasta), Nelson Hoineff (ACCRRJ), Geber Ramalho (Porto Digital), Silvio Da-Rin (TV Brasil), Adriano de Angelis (MinC), José Augusto de Blasiis (Universidade Metodista / SP), Luciana Tomasi (Casa de Cinema de Porto Alegre), Tereza Trautman (distribuidora) e Humberto Matsuda (Performa Investimentos).

Roberto Farias foi o primeiro a falar. O cineasta iniciou sua colocação falando que se sentia muito honrado em estar ali presente já que não filma há mais de 20 anos. “Desde que se mudou o jeito de fazer cinema no Brasil, eu nunca mais fiz. Sou de uma outra época; os incentivos vinham depois do filme pronto”. Para ele, o principal parceiro que o cinema brasileiro deve ter é a TV Brasil.

Da-Rin, representante da TV, faz um retrospecto da história da televisão no País. E coloca: “há 60 anos, quando surgiu a televisão, o

cinema era a nossa maior diversão e estava minimamente estruturado. Mas, a TV não bebeu dessa fonte; a TV absorveu muita coisa do rádio”. Entende-se que começou aí um certo descompasso. Da-Rin fala ainda sobre a necessidade de adequação e atualização, afinal, hoje em dia temos que considerar “a multiplicação dos canais pagos, a convergência digital, a mudança de mentalidade de empresas e do público”. Da-Rin pontuou também várias iniciativas que têm sido feitas pelo canal público e reforçou sobre a urgência em se fazer mais parcerias com produtoras independentes. Segundo ele, 49,9% do que é exibido na TV Cultura e 7,9% do que é veiculado na TV Globo é conteúdo audiovisual brasileiro não produzido pelas próprias emissoras.

Tereza colocou sobre dificuldades e “perversão” do mercado no que diz respeito à exibição de conteúdo brasileiro. “No final das contas, o produtor brasileiro está passando seu filme quase que de graça”. Para ela, a “produção cinematográfica brasileira é como uma fábrica de carros… que não tem rodovia para trafegar”. A distribuidora colocou uma série de questões burocráticas e contratuais, hoje em vigor, que engessam a exploração e veiculação de conteúdo nacional nos canais a cabo. “O cenário de hoje é bem difícil e esperamos que a PL 29 altere este quadro”.

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Mais debates no 8º CBC

No segundo dia do 8º Congresso Brasileiro de Cinema foram realizados quatro painéis. Além dos já citados “O Audiovisual no Brasil Hoje: Infraestrutura e Produção” e “O Audiovisual no Brasil hoje: Distribuição, Exibição e Difusão Cultural”, formaram-se mesas no período da tarde para discutir “O Audiovisual no Brasil Hoje: Formação, Pesquisa, Preservação e Crítica” e “O Audiovisual no Brasil hoje: TVs, Novas Mídias e Convergências Digitais”.

Na terceira apresentação – que discorreu sobre Formação, Pesquisa, Preservação e Crítica – estiveram presentes Carlos Magalhães (Cinemateca Brasileira), Marília Franco (Eca / USP), João Guilherme Barone (Forcine), Maurice Capovilla (diretor e professor) e Silvia Rabello (Sicav-RJ). A mediação foi feita por Myrna Brandão (CPCB).

João Guilherme Barone falou sobre a necessidade das escolas integrarem – e serem reconhecidas – cada vez mais como parte
integrante da cadeia produtiva. “Já fizemos interlocução com MEC, com MinC, fizemos um mapeamento. Temos que pensar em como será esse ensino, quais profissionais precisaremos ter, qual a compreensão que os alunos devem ter sobre preservação e novas mídias, por exemplo”. O profissional colocou também que “apenas as universidades não dão conta”. Para ele, é fundamental que sejam ofertados cursos mais rápidos e específicos. “Se a produção cresce e você não tem gente capacitada haverá outro problema de gargalo”.

Silvia Rabello se diz feliz por estar numa mesa que discute a preservação fílmica, sendo ela a única representante da iniciativa privada. “O meu núcleo, nascido há 12 anos, é o responsável por fazer renascer, reviver e restaurar uma série de produções importantes. Isso muito me orgulha”.

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“O Brasil continua isolado da América do Sul”, diz Rangel

“O presidente da Agência Nacional de Cinema, Manoel Rangel, disse que o Governo saiu de um quadro onde a política era basicamente aprovar projetos de filmes e captação de recursos para a realização de festivais, para ações ampliadas, contando com uma Secretaria de Audiovisual articulada com outras instituições…” Veja matéria de Isaac Ribeiro para o jornal Tribuna do Norte

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Distribuição, Exibição e Difusão Cultural

No segundo painel do dia, também realizado pela manhã, debateu-se “O Audiovisual no Brasil Hoje: Distribuição, Exibição e Difusão Cultural”. Estiveram na mesa, sob moderação do Beto Rodrigues (distribuidor), Glauber Piva (Ancine), Caio Cesário (Minc), Francisco Cesar Filho (Fórum dos Festivais), Aleteia Selonk (ABD) e João Baptista Pimentel (CNC).

Caio Cesário detalhou o funcionamento e êxito da Programadora Brasil.

Glauber Piva lembrou que atualmente mais de 70% das salas de cinema estão em shopping centers. “Precisamos considerar outros modelos de negócios para o parque exibidor” – e foi aplaudido. Mencionou também programas e iniciativas que levam o cinema ao público de caminhão, por exemplo. Não são salas tradicionais de cinema, mas têm levado o audiovisual brasileiro a milhares de pessoas.

Francisco Cesar Filho, ou Chiquinho como é conhecido no meio, elencou a importância dos festivais brasileiros – hoje, na ordem de 220 ao ano, em praticamente todos os Estados do País: para ele, esses eventos são fundamentais para que o cinema brasileiro encontre o seu público. “Posso dizer com muita segurança que ao menos três milhões de pessoas assistem à produções nacionais quando somamos o público de todos os Festivais”. E completa: “dessa totalidade, 85% têm entrada gratuita. Às vezes ouço algumas críticas – infundadas – de que há muito Festival espalhado pelo País e com uma programação muito parecida. Mas quem fala isso não fez uma reflexão a esse respeito: cada Festival tem seu perfil e público diferente”.

Aleteia Selonk pontuou a importância do curta-metragem “como peça fundamental para o desenvolvimento da cadeia como um todo. Afinal, desde o século passado, e mesmo com a interrupção da produção, o curta nunca deixou de ser feito”. Para a produtora há a necessidade de se criar uma “real integração entre agentes do setor, esfera pública e privada, assim como universidades e produtoras”.

Pimentel finalizou: “a pauta aqui não é o umbigo e sim o setor como um todo”. “Antes de abrir o debate para o público colocou ainda que é contra o aumento do número de salas sem que essa proposta esteja associada ao aumento do número de cota de tela”.

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O Audiovisual no Brasil Hoje: Infraestrutura e Produção

No primeiro painel do 8º Congresso Brasileiro de Cinema, realizado hoje (14/09), pela manhã, compuseram a mesa Ana Paula Santana (Secretaria do Audiovisual), Alain Fresnot (Apaci), Geraldo Ribeiro (Uninfra), Celso Gonçalves (ABD) e Tetê Moraes (Abraci). O tema discutido foi: “O Audiovisual no Brasil Hoje: Infraestrutura e Produção”. A moderação foi de Geraldo Veloso (AMC).

Depois da colocação feita por Alain Fresnot, que colocou ainda ser insuficiente a verba disponibilizada para a produção do audiovisual no Brasil, via leis de incentivo e fundos setoriais, Ribeiro apontou para as altíssimas taxas de importação para compra a reposição de material como uma das principais razões para o custo alto da cadeia produtiva. “Só para citar um exemplo, há apenas duas empresas que comercializam determinado tipo de lâmpada. Quando a compramos, pagamos um preço 217% maior que o seu preço original. Ou seja, nós somos obrigados a elevar o preço da cadeia produtiva e me parece que o governo ainda não entendeu isso.”
Ana Paula pontua que precisamos de “cinema de indústria. Essa cisão entre cinema comercial e cinema de autor tem que ser superada”. E questiona: “até que ponto estamos, de fato, preocupados com a atratividade dos nossos filmes?” Para “a burocrata menos burocrata que existe da SAV”, como ela mesma se classificou, “há, sim, uma distorção. A coisa está desordenada; a acessibilidade é complexa, apesar de saber que nunca houve tantos recursos para a produção como há agora. Temos que pensar também nas funções de cada um da cadeia produtiva, algumas funções se sobrepuseram às outras, se misturaram e o Estado, por falta de perna, repassou ao privado”.
Fresnot finalizou o painel colocando que, mesmo sabendo que há uma série de recursos e ferramentas, “isso ainda não é suficiente” e comparou números do market share brasileiro com o francês.

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Manoel Rangel: propõe “200 milhões de incluídos culturais”.

Para Manoel Rangel, presidente da entidade, “exibidores, programadores e distribuidoras precisam entender que o Brasil não é só as classes A e B”.

O segundo dia do 8º Congresso Brasileiro de Cinema foi marcado pelos intensos debates dos Grupos de Trabalho. Na manhã desta segunda-feira (13), os chamados GTs iniciaram suas atividades que tiveram pausa só para o almoço. No início da tarde os seis grupos retomaram os trabalhos que foram encerrados por volta das 16h00 antes do painel de abertura.

Os temas dos GT´s vão desde produção até distribuição e exibição, passando por novas mídias e suas convergências, políticas públicas e direitos autorais.

Para Chico Faganello, do Fórum dos Festivais, que veio de Florianópolis, Santa Catarina, e participou durante o dia dos GT´s a expectativa a partir dos encaminhamentos realizados pelos grupos é grande: “As contribuições serão para os profissionais desta área e também para a sociedade que vai conhecer melhor o nosso audiovisual como fonte de geração de emprego e renda e de conhecimento do Brasil”.

Fagnello também destacou que os GT´s estão pautando assuntos recentes e polêmicos como a nova regulamentação das televisões, assim como a inovação no relacionamento com o público.

As sistematizações dos Grupos de Trabalho deverão ser encaminhadas ao final do Congresso. Os grupos foram divididos pelos seguintes temas: GT1- Infraestrutura e Produção; GT2 – Distribuição, Exibição e Difusão Cultural; GT3 – Formação, Pesquisa, Preservação e Crítica; GT4 – TVs, Novas Mídias e Convergências Digitais; GT5 – Direito Autoral, Direitos do Público e Gestão Coletiva e GT6 – Políticas Públicas, Arranjos Produtivos e Ações Estratégicas.

No Painel de Abertura, a preocupação pelo futuro.

Na abertura do painel, “O audiovisual no Brasil hoje: Políticas Públicas, Arranjos Produtivos e Ações Estratégicas”, Manoel Rangel, Presidente da Ancine, destacou que “saímos de um quadro onde toda a ação do poder público resumia-se a autorizar projetos para captar recursos, e alguns poucos editais, para uma situação completamente diferente, com uma estrutura de ação ampliada, um órgão gestor para políticas públicas, uma Secretaria de Audiovisual que lida com inovação e desenvolvimento, e tudo isso de forma articulada”. Rangel festejou as ampliações das condições de apoio à produção audiovisual, citando números: “Em 2003, foram lançados aproximadamente 30 longas metragens brasileiros no nosso circuito comercial, contra aproximadamente 80 longas em 2009. Deixou-se de encarar somente o cinema como produção audiovisual, abrindo-se espaço também para televisão, jogos eletrônicos e para uma proposta muito mais ampla para o audiovisual”.

Ainda segundo Rangel, começou a existir também um estímulo maior à expansão do parque exibidor, um esforço de internacionalização da produção brasileira e uma descentralização desta mesma produção, sem esvaziamento dos pólos principais de São Paulo e Rio.

A pergunta inevitável: e o futuro? Segundo o Presidente da Ancine, “o futuro passa necessariamente pelo Plano Nacional de Banda Larga. Muito em breve a Banda Larga será tratada como um direito inalienável do cidadão, assim como a saúde, a habitação, segurança, a própria cidadania”. E afirma também que “nosso destino é indissoluvelmente ligado aos destinos da América do Sul”, propondo uma aproximação vigorosa do audiovisual brasileiro com os mercados dos países vizinhos. E conclui: “Exibidores, programadores e distribuidoras precisam entender que o Brasil não é formado só pelas classes A e B. Precisamos ter 200 milhões de incluídos culturais”.

No mesmo Painel, Newton Cannito, Secretário do Audiovisual, ressaltou a importância do “pensar digital”. Ele afirma que “é necessário que todos nós passemos a pensar digitalmente, e não mais analogicamente”. E explica: “Quando alguém me pergunta se a SAV vai apoiar vídeos para a internet, isso é pensar analogicamente. Se vai apoiar filmes para cinema ou para televisão, isso é pensar analogicamente. Pensar digitalmente é pensar simultaneamente em todas as mídias, sem diferenciações”. E chama a atenção para o Fundo de Inovação Audiovisual, criado exatamente para propiciar a invenção de coisas novas, que ainda não foram feitas, para ocupar todos os espaços. “Não se trata de inovações tecnológicas, pois outros ministérios já se ocupam disso. Trata-se de inovação de conteúdo”, conclui.

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Começa em Porto Alegre o 8º CBC

Ministro da Cultura Juca Ferreira, Secretário do Audiovisual Newton Cannito, Presidente da Fundacine Cícero Aragon, Presidente da Ancine Manoel Rangel e Presidente do CBC Rosemberg Cariry abrem o evento discutindo mercado, políticas públicas e os novos rumos do setor.

De 12 a 15 de setembro, Porto Alegre se transforma na capital brasileira do Cinema e do Audiovisual. Apesar de clichê, a frase é totalmente verdadeira: até a próxima quarta-feira, dia 15, a capital gaúcha sedia o 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual, aberto na noite deste domingo (12). Estão presentes no evento mais de 80 entidades das mais importantes do setor, representando nada menos que a totalidade dos estados brasileiros.

A solenidade de abertura do 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual teve início com a leitura de uma carta enviada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos – Presidente de Honra do CBC – desejando “votos de bons êxitos dos trabalhos”.

Na sequência, o discurso de Cícero Aragon, Presidente da Fundacine, lembrou que nos últimos dez anos os hábitos mudaram de uma forma geral, mas que no segmento audiovisual estas mudanças foram ainda mais radicais: “O mundo não se contenta mais em assistir. Ele quer interagir e participar. Para suprir esta demanda precisamos nos adaptar, crescer juntos. Precisamos pensar em modelos diferenciados, financiar o novo e nos abrir para mercados que se auto financiem. Precisamos ser mais competitivos, agilizar os processos e diminuir a burocracia”. Finalizando, Aragon enfatizou a importância das discussões e debates que o Congresso fomentará nos próximos dias, dizendo: “A partir de agora, estamos em Conclave. E esta agora é a nossa Capela Sistina”.

Em seguida, Rosemberg Cariry, Presidente do CBC, utilizou a linguagem poética para ilustrar as relações entre a atividade audiovisual e o mercado: “Os mestres budistas costumavam dizer que uma coisa é o dedo que aponta a lua e outra coisa é a lua. Sábios eram estes homens. É preciso não confundir o dedo com a lua, nem se iludir com a abstração da lua. Muitas vezes, confundimos o nosso cinema que aponta o mundo com o mundo, da mesma forma que os pequenos macacos muitas vezes se afogam tentando apanhar a miragem da lua refletida na água de um lago. Confundir cinema com mercado é confundir o dedo com a lua. O mercado pode ser importante, muito importante, mas o mercado não é o cinema. Fazer obras tendo como parâmetro exclusivo apenas o possível gosto de um mercado imaginado, em sua abstração conservadora, é se afogar tentando apanhar a miragem da lua refletida na água. O mercado não pode ser um fim em si mesmo, antes deve ser um meio para a realização do homem, da mesma forma que o dedo é um meio que aponta a beleza da lua”. Foi aplaudido em cena aberta.

“Temos que reconhecer: só o sonho é real”
Rosemberg Cariry – Presidente do CBC

Rosemberg afirmou também que “precisamos talvez retomar o sentido mais profundo das palavras pichadas pelos jovens, nos muros de todo o mundo, em maio de 1968 – Sejamos realistas, queiramos o impossível. Por isso mesmo é que precisamos novamente da magia-esperança, da poesia-heresia, do cinema-rebeldia e da alquimia-sonho das palavras e do cinema. Desculpem-me, senhoras e senhores, mas me parece que o povo novo do cinema é exigente, quer muito mais do que o mercado. O povo novo do cinema quer o cinema como pedra filosofal, o ouro como energia espiritual concentrada, da qual falavam os alquimistas em seus sonhos experimentais. Para quem ainda não sabe, me arrisco a avisar: os alquimistas estão chegando, são artífices de todas as tecnologias e convergências digitais, têm entre quinze e trinta anos de idade: são brancos da classe média, são índios da periferia, são negros quilombolas nas favelas das metrópoles, são mulatos rebelados nos shoppings centers, são loiros dos sertões gerais, são caboclos das florestas, são sararás dos terreiros de macumba do planalto central.Um Brasil que se reinventa em cores e sonhos, em novas belezas e impossibilidades tornadas possíveis. O que aqui se reúne é uma nação diversa e unida, nestes tempos de pós-modernidades, em que o centro está em todos os lugares onde estão os homens e as mulheres em seus processos criativos. Temos que reconhecer: só o sonho é real. Sejamos realistas, vamos restituir o sonho ao cinema brasileiro”.

Ao final de sua explanação, Rosemberg Cariry foi aplaudido de pé.

“Já imaginaram Tim Burton colocando projeto em edital?”
Newton Cannito – Secretário do Audiovisual

Manoel Rangel, Presidente da Ancine – Agência Nacional de Cinema – lembrou que há dez anos, também em Porto Alegre, o então 3º Congresso Brasileiro de Cinema acontecia numa situação de grande crise, de redução de público e investimentos, e onde o setor não conseguia dialogar sequer com a Secretaria do Audiovisual. “Com o Ministro da Cultura, então, nem pensar!”. Naquela ocasião, diz Rangel, uma plataforma de 69 itens propostos pelo CBC mudou todo o panorama do audiovisual nacional de dez anos para cá, “porque o CBC se dedicou às grandes pautas, e não às miudezas do cotidiano”.

E conclui, provocativo: “Hoje, dez anos depois, qual será nossa próxima pauta que nos encham de desafios? Esta é a questão central para a qual todos nós precisamos encontrar respostas. Como vamos nos pautar? Quais são nossos desafios?”

Na sequência, Newton Cannito, Secretário do Audiovisual, usou uma linguagem clara e direta para afirmar que o mercado mudou, cresceu, se diversificou e que em função disso tudo “a gente entrou numa sinuca de bico porque agora temos que fazer muito mais do que conseguimos”. Cannito acredita que o audiovisual brasileiro necessita urgentemente pensar num sistema melhor que os editais: “Hoje a burocracia é tamanha que o cinema brasileiro financia a indústria de fotocópias”, ironiza. “Hoje obrigamos todos os produtores a serem políticos, o que não é normal. Já imaginaram o Tim Burton colocando projeto em edital? E obrigamos também todos os cineastas a serem produtores, o que também não é normal. Não estamos valorizando os criadores, mas apenas valorizando quem consegue produzir. O cineasta tem que pensar em arte, não em inscrever filme em edital”, afirma.

Cannito defende que “o problema principal é fazer as pessoas se encontrarem, conversarem, e criarem projetos juntas. Resolver a questão da tecnologia é fácil”. Para o Secretário, a principal questão da chamada “Convergência” está intrínseca na própria palavra: “ver gente”.

É preciso que o cinema deixe de ser visto como uma complementação de uma visita ao shopping center”.
– Juca Ferreira, Ministro da Cultura.

Para Cézar Prestes, Secretário Estadual da Cultura do Rio Grande do Sul, representando a governadora Yeda Crusius, o mercado é importante, mas não pode interferir na criação artística. “Não podemos perder a essência, não podemos nos esquecer que o cinema é orgânico, é verdadeiro”, afirmou.

E Paula Alves de Souza, Chefe da Divisão de Promoção Audiovisual do Ministério das Relações Exteriores, informou que “o Itamarati sempre usou o cinema como alicerce para a política externa”.

A noite de abertura do 8º CBC foi encerrada com a fala do Ministro da Cultura, Juca Ferreira: “Visualizo a imensa necessidade de avançar muito. Não é hora de acomodações, pelo contrário. Essa batalha, guerra, odisseia pelo cinema brasileiro é fundamental”.

Ressaltando que “Mercado não é só mercadão. A quitanda da esquina também é mercado”, Ferreira propõe um “armistício entre o cinema artístico e o cinema comercial, pois o Brasil vive um momento de possibilidades imensas. O Brasil precisa se ver nas telas. Todas!”.

Concluindo, Juca Ferreira afirmou que “é preciso que o cinema deixe de ser visto como uma complementação de uma visita ao shopping center”. E que “a demanda futura será tamanha que tudo o que está sendo feito ainda é pouco”.

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Discurso de abertura de Cícero Aragon

É uma honra para a FUNDACINE – Fundação Cinema RS e para toda a cadeia produtiva do audiovisual brasileiro produzido no Rio Grande do Sul, receber esta singular edição do 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual aqui em Porto Alegre.

Dez anos se passaram, desde o também histórico 3º Congresso realizado aqui em nossa cidade. De lá para cá muita coisa evoluiu, vários avanços foram conquistados e o mercado cresceu.

De um a dois filmes por ano, hoje produzimos mais de 80 longas metragens, além de centenas de curtas, médias, conteúdos para TV- aberta e fechada, para a Internet, celular e games.

Nosso público não é mais um consumidor passivo e passa a buscar os nossos conteúdos nos mais variados meios. O mundo não se contenta mais em assistir, ele quer interagir, participar, realizar. Através da evolução tecnológica ele é também produtor, diretor, editor, distribuidor, crítico e por isto, nosso compromisso aumenta.

Estamos em uma nova era, com rápidas e profundas mudanças acontecendo. YouTube, Facebook, Twiter e tantas outras ferramentas. A imagem e a informação circulam rapidamente, alcançando milhares de pessoas ao mesmo tempo. Precisamos nos adaptar, crescer juntos, continuar a evoluir, aproveitar as oportunidades que se apresentam.
Veja na íntegra o discurso de Cícero Aragon

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Falando de sonhos e de outras coisas concretas

Discurso de Rosemberg Cariry na abertura do 8º CBC

Antes de tudo, agradeço do fundo do meu coração a presença de cada um de vocês, pois nela vislumbro um ato simbólico que aponta o cinema e o audiovisual como potências em movimento, como forças vivas e transformadoras, que poderão colocar o Brasil, nas próximas décadas, no papel de agente positivo e transformador no imaginário do mundo. Muitos de nós aqui presentes encarnamos percursos já longos de ricas e múltiplas experiências de vida, trabalho e criação. Mas, a maioria dos que aqui estão são jovens, flexíveis e viçosos como os caniços que se curvam ao vento e se debruçam nas margens dos rios para beber da fonte renovadora da vida. Jovens que sabem que estes mesmos rios, pacientemente, cortam montanhas e desfazem a solidez das rochas, em busca do mar, porque todo rio nasce destinado ao mar.

As palavras que aqui pronuncio não pretendem ser palavras de todo o povo do cinema. São palavras neste instante minhas que almejo oferecer ao coração e à boca do povo do cinema que somos e representamos, para com ele quem sabe reinventar o sonho. Acredito que tudo nos une neste congresso, porque me parece ser impossível separar os seres humanos quando eles sonham juntos.
Veja o discurso de Rosemberg Cariry na íntegra

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