Liberdade de imprensa, mas é disto que se trata?

Levi Levi Bucalem Ferrari

Os jornais estampam manchetes assustadoras, o rádio berra e a televisão, além disso, mostra imagens chocantes. É um tsunami, um terremoto de grandes dimensões, a queda de um meteoro gigante, ou a movimentação de uma placa tectônica sob o solo do Brasil?

Nada disso, trata-se da reação da imprensa à afirmação do presidente Lula sobre a manipulação eleitoral feita pela mesma. O presidente afirmou, num remoto grotão do país, que os meios de comunicação divulgavam denúncias não comprovadas e martelavam outras com evidente exagero. E olhem que o presidente ainda usou de muita cautela. Afirmou, no início da sentença, que “a liberdade de expressão é sagrada”.

Nenhum órgão de nossa democrática imprensa, mas nenhum mesmo, com a honrosa exceção de Carta Capital, levou a ressalva em consideração. Nenhum foi a fundo nas pesquisas, para distinguir o que era suposição daquilo que era comprovado. Também nenhum distinguiu culpados de inocentes em ambos os tipos de denúncias; ninguém levantou a hipótese de armação, como também não se deu ênfase às demissões. Estas foram logo taxadas de confissão de culpa. Em nenhuma hipótese, foram consideradas medidas saneadoras, ainda que tardias.

Nestes casos, como em muitos outros, os órgãos de comunicação no Brasil, trafegam na contramão do princípio enunciado por Heráclito quando o filósofo grego afirma que o “uno é múltiplo”.  Entre eles, o uno é somente uno mesmo: basta uma revista fazer a denúncia que todos vão atrás, no mesmo diapasão, ênfase, vocabulário e sintaxe. Os noticiários são todos iguais, fazendo um coro rebarbativo, que nada acrescenta ou duvida. Na mão correta, como já disse , apenas a Carta Capital e outros da imprensa alternativa ou quase.

Toda a mídia fez questão de transformar o mero desabafo do presidente em descaso para com a liberdade de expressão ou, pior, reflexo de algum projeto de enquadramento legal dosóp órgãos de comunicação social.

E aqui não faltam insinuações maldosas, mensagens sub-reptícias e até apelações de baixo nível. Não é rara a comparação entre Lula e Chávez, presidente da Venezuela, quando basta ver por instantes o comportamento de cada um para constatar as diferenças. Mais honestamente que a mídia, Fernando Henrique Cardoso declarou em recente entrevista ao Estadão: “Não sei qual a razão, mas o Lula acertou ao não engordar o debate sobre o terceiro mandato.”

Ao contrário das ponderações de FHC, a Folha de São Paulo de 26/10/2010 publica artigo de Clóvis Rossi, de página inteira com a Manchete: Votação na Venezuela evoca a do Brasil; com o subtítulo: Belicosidade do governo e acanhamento da oposição são elementos em comum nas eleições dos dois países. Acanhamento onde, senhor Rossi? Insinuação maldosa de sua parte e de seu jornal, isso sim. Mais uma.

Os meios de comunicação social precisam saber, ou lembrar-se, que à liberdade de expressão deve corresponder o mesmo grau de responsabilidade. E aqui está a primeira suspeita. Se esses os já sabiam das supostas irregularidades porque não as denunciaram antes, logo depois de sua averiguação. Se não o fizeram, cometeram o crime de sonegar informações ao leitor, ao ouvinte, ao telespectador, ou seja, a toda a sociedade brasileira, incluindo você, caro leitor.

Nesta hipótese, deixaram as denúncias trancafiadas sob sete chaves para uso no período eleitoral, tornando mais grave o crime denunciado acima. E, com o evidente propósito de influir nas eleições.

Por outro lado, se a mídia – e os interesses que a alimentam – sabem que, a esta altura, já não têm o poder de inverter os resultados eleitorais que se anunciam, há mais um mistério a ser resolvido.

Mistério de histórias infantis, muito fácil de decifrar. A mídia quer mostrar nesta reta final suas garras e dentes, seu poder, enfim, para, desde já, enquadrar a provável vencedora num comportamento mais previsível. Seja na manutenção de um status quo que interessa às classes dominantes, seja na própria relação espúria e nunca denunciada entre o Estado e os meios de comunicação.

É concessão prá cá, financiamentos e empréstimos prá lá e, sobretudo, vistas grossas de todos os poderes públicos (Legislativo, Executivo e Judiciário) ao desrespeito pelos meios de comunicação àquilo que a Constituição Federal estabelece no parágrafo artigo 5º do Artigo 220: “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”.

Nesta linha, outro crime, talvez até mais grave, é a intenção da mídia de ocupar o lugar da representação política: se o parlamento – e até o judiciário – pouco fazem, nós estamos aqui para cuidar de seus interesses, leitor, ouvinte, telespectador… Crime mais grave porque de longo prazo e difícil reversão, comprometedor da estabilidade institucional imprescindível à democracia, ao Estado de Direito.  E, repito, feito apenas para se obter os favores denunciados acima.

Seria cômico se não fosse trágico. Mas, enquanto isso ocorrer, será balela qualquer referência à liberdade de expressão nos meios de comunicação. Como prevenia Marx, a liberdade de imprensa (também intocável segundo ele) deve assegurar a liberdade de quem escreve e não restringir-se à liberdade dos proprietários dos jornais. E o filósofo germânico nem conhecia a televisão.

Mas, se querem guerra, vamos a ela.

Comecemos pelo fato de que este filme é velho, muito velho, já foi visto ao final do primeiro turno das eleições presidenciais de 2006. Lula foi tão bombardeado por denúncias midiáticas a ponto de a eleição ter sido levada para o segundo turno. Neste, o eleitor, vacinado de alguma forma contra as mentiras e balelas, reage conferindo-lhe votação superior a obtida no primeiro. Foi quando o opositor, Alckmin, cometeu o milagre de perder para si mesmo: obteve 41,635 % dos votos no primeiro turno e 39,173% no segundo.

No momento em que escrevo, estou a observar que, os votos tirados de Dilma, pela sucessão de denúncias, não estão indo para seu principal opositor, Serra. Esgotadas as fichas para este candidato, que já chegou onde poderia chegar, a mídia começa a incensar Marina e até Plínio Sampaio. Não porque goste deles, mas pelos motivos que elenquei acima.

Mas, continuemos com algumas anedotas trágicas sobre o assunto. No caso, basta ler se o Capítulo V da Carta Magna, o que trata da comunicação social. Seu Artigo 221, por exemplo, afirma que:

“A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; (o grifo é meu)

II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.”

Diante disso, pergunto: você já se deu ao trabalho de procurar na tevê aberta (a única acessível a 97% dos telespectadores) algum programa que atenda, pelo menos, ao inciso I acima. Não, amigo, o que se vê é baixaria, estupidez, vulgaridade, tudo, enfim, que deseduca, desinforma, aliena e divulga o mau gosto.

E tem mais: os meios de comunicação são concessões públicas, outorgadas por você, por mim, por todos nós. Mas o que mais se vê, num grande número de canais, é a venda de tempo para programas autônomos. Alguém pode vender o que é concessão? Estão a nos roubar, caro leitor. É hora, portanto, de gritarmos todos: Pega ladrão!

As concessões rádio e televisão deveriam ser objeto de licitações públicas, das quais representantes da sociedade civil pudessem participar, tornando o processo mais democrático, transparente, acima de quaisquer suspeitas de favorecimento.

Aqui finalizo com dois recados: o primeiro é para o eleitor na esperança que este artigo o ajude a autovacinar-se contra a manipulação midiática que deverá ficar ainda mais apelativa nessa reta final. O segundo é para todos os poderes do Estado Brasileiro: Até quando vão permitir que os meios de comunicação social afrontem a Constituição? Quousque tandem…?

Levi Bucalem Ferrari é escritor e professor de ciências políticas

PS: Autorizo a reprodução, solicito divulgação

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Veronica Stigger – Gran Cabaret Demenzial

Este é o segundo livro da contista gaúcha Veronica Stigger e sua narrativa é provocante e perturbadora.

Revela um erotismo quase escatológico, além da ironia, tratando acontecimentos violentos com distanciamento patético e humor corrosivo.

Domitila, personagem do primeiro conto, segue tranquilamente sua rotina, mesmo depois de perder dois dedos ao batê-los num poste, quebrar o antebraço num outro acidente e perder o braço ao tentar dar um tapa numa árvore.

Em outro conto, “Cubículo”, o absurdo é um casal que mantém sua preocupação com o espaço para os livros ao se mudar de um apartamento para um banheiro, e do banheiro para uma privada, e da privada para um intestino.

A autora escreveu seus livros concomitantemente às pesquisas que realizou para seu doutorado em História da Arte, no qual analisa as relações entre arte, mito e rito na modernidade.

O projeto gráfico bastante criativo é do artista plástico Eduardo Verderame.

“Outras Palavras” é o programa de literatura de Levi Bucalem Ferrari na Rádio Cultura do Brasil.

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Sérgio Caparelli – 111 poemas para crianças

Em comemoração ao aniversário de 20 anos de publicação de Boi da cara preta, seu primeiro livro de poemas infantis, Sérgio Capparelli fez um apanhado de suas melhores poesias.

Espalhadas em mais de uma dezena de livros, que formam este ‘111 Poemas para Crianças’ tratam dos mais diversos assuntos do mundo infantil ora abordados no livro.

Do mesmo modo, a seleção de poesias permite às crianças a compreensão de como é vasto do domínio da arte poética, que pode cativar tanto pela emoção, quanto pela esperteza de jogos de palavras e de sons.

Pode também sublinhar fenômenos especiais ou mostrar acontecimentos diários e cotidianos da nossa vida. Com projeto gráfico da designer Ana Cláudia Gruszynski, ‘111 Poemas para Crianças’ é inteiramente ilustrado.

“Outras Palavras” é o programa de literatura de Levi Bucalem Ferrari na Rádio Cultura do Brasil.

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Patrícia Melo – Ladrão de Cadáveres

Neste livro, a escritora Patrícia Melo muda de ares sem perder o ritmo ágil e cortante que a consagrou em livros anteriores.

        A história é ambientada em Corumbá, na região do Pantanal mato-grossense.

        O narrador-protagonista do romance é um ex-gerente de uma central de telemarketing, despedido depois de agredir uma funcionária que acabou cometendo suicídio.       Deprimido, ele troca São Paulo por Corumbá a convite de um primo e a trama começa quando o protagonista testemunha a queda de um avião no rio Paraguai.

        Dentro da cabine, o piloto está morto. Ao lado do corpo, há uma mochila com um pacote de cocaína. A partir daí, o que se vê é o despertar do pior lado de um ser humano, em uma história que mistura ganância, crime, sexo e mentiras.

        Além de escritora consagrada, Patrícia Melo é roteirista e dramaturga com muitas obras publicadas no Brasil e no exterior.

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Nelson Câmara – “O advogado dos escravos – Luiz Gama”

Este livro resgata a figura de Luiz Gama, ex-escravo que veio menino da Bahia e que se tornou um grande tribuno do júri na defesa gratuita de escravos.

O autor analisa suas ações de luta pela liberdade legitimada nos campos político, jornalístico e jurídico, com destaque para sua condição de advogado dos escravos.

Depois do sucesso do livro “Escravidão Nunca Mais!”, o autor, Nelson Câmara, assina esta nova obra, “O Advogado dos Escravos – Luiz Gama”, mostrando a trajetória de Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882).

Nascido em Salvador, na Bahia, filho de um fidalgo português e uma negra escrava liberta, Gama foi vendido pelo próprio pai quando contava apenas dez anos de idade. Liberto aos 17 anos, tornou-se um autodidata, estudando Direito e exercendo a advocacia.

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Menalton Braff – Como Peixe no Aquário

 

Rita de Cássia é uma adolescente do interior que se muda para a cidade, na casa do irmão, a fim de estudar e trabalhar.

Dividida entre os sonhos, as fantasias, a descoberta da sexualidade e as primeiras aventuras amorosas, a jovem guarda um grande segredo.

Sem que seu patrão soubesse, ela pegou o dinheiro da venda de três cartuchos de impressora a fim de mandá-lo para os pais, que enfrentam dificuldades financeiras.

Agora, ela se encontra diante de um dilema – como repor o dinheiro antes que o patrão se dê conta do sumiço.

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Menalton Braff – A esperança por um fio

Neste livro, os leitores encontram uma história repleta de fatos adversos, mas que ajudarão no amadurecimento do jovem personagem central, Artur.

        Ele não é um super-herói, com poderes extraordinários. Ao contrário, é um ser humano de carne e osso.

        A coragem que poderia lhe faltar vai sendo adquirida no transcurso de fatos dramáticos, como a séria doença do pai que muda a rotina de sua vida.

        Narrando sua própria história, o adolescente nos conta que seu pai é vítima de um aneurisma e sobrevive graças à ajuda de aparelhos numa UTI.

        Com sérias dificuldades financeiras, a família é obrigada a mudar-se da capital para o interior. O único alento de Artur nessa mudança é a possibilidade de estar mais próximo da prima, sua paixão secreta.

        Mas, então é quando ele descobre que ela já tem namorado. A situação se complica em várias outras esferas de sua vida.

        Mas cada dificuldade será um novo desafio para o jovem protagonista. E um aprendizado para todos.

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Maicon Tenfen – O segredo da montanha

O livro conta a história de um personagem jovem que exerce as funções de bancário em Blumenau – SC e que vive sua vida normalmente.

Nada sabe sobre suas origens e, portanto, não faz a menor idéia de que é um neto de Adolf  Hitler.

 Mas os sobreviventes do nazismo tudo sabem sobre ele, e estão escondidos dentro do Spitzkopf, morro situado na cidade de Blumenau.

De lá, os nazistas controlam a vida do jovem esperando que chegue o momento de ele virar o chefe de um novo nazismo.

Incríveis acontecimentos se encadeiam, e o jovem acaba destruindo a base nazista no Spitzkopf, causando com isso um grande incêndio na mata.

Este incêndio ocorreu verdadeiramente no referido morro na cidade de Blumenau em 1995.

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Lygia Fagundes Telles – As Horas Nuas

Eis mais um romance de Lygia Fagundes Telles na plenitude de sua criação literária.

Aqui os delírios, os medos, as frustrações e os sonhos são mostrados em sua plenitude e sem eufemismos e sem. Não escamotear aquilo que se passa na intimidade de cada um.

Rosa Ambrósio, uma atriz de teatro decadente e quase sempre alcoolizada, passa em revista os amores de sua vida.

O primo Miguel, sua paixão adolescente que morreu de overdose por volta dos vinte anos.

Gregório, seu marido, virou um homem taciturno depois que foi torturado pela ditadura militar.

E Diogo, seu amante e último companheiro, trocou-a por moças mais jovens.

Trabalhando com alteridades tanto na linguagem como na narrativa, Lygia, mais uma vez, mostra o quanto somos diferentes e iguais naquilo que não sabemos.

Alternando vozes e pontos de vista, passando do fluxo interno de consciência à narrativa em terceira pessoa, a autora põe em cena temas como o movimento feminista, a cultura de massa, a AIDS, as drogas.

Entre muitos outros prêmios, Lygia Fagundes Telles recebeu o Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano de 2008 oferecido pela União Brasileira de Escritores.

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Luiz Ruffato – Eles eram muitos cavalos

São Paulo, terça-feira, 9 de maio de 2000. Durante um único dia, o autor percorre a cidade tentando desvendá-la.      Não apenas os engarrafamentos, parques ou dinheiro correndo por entre os conglomerados econômicos. Ele decifra cada dia, minuto e segundo da metrópole marcada pela diversidade humana – mosaico composto por gente de todo o Brasil.
        Uma das maiores vozes da literatura brasileira contemporânea, Luiz Ruffato é autor, entre outros títulos, da série Inferno Provisório: Mamma son tanto felice, O mundo inimigo e Vista parcial da noite.

Os dois primeiros volumes receberam o prêmio de APCA de melhor romance de 2005. Eles eram muitos cavalos recebeu os prêmios APCA e Machado de Assis de 2001. Foi publicado também na França, Itália e Portugal.

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Luiz Bras – Babel Hotel

Um grupo de sete pessoas, totalmente aleatórias, começa a sentir os efeitos misteriosos de um ‘feitiço’ do tempo.

Todo dia, na pequena cidade de Cobra Norato, um deles morre. E renasce no dia seguinte, que é o mesmo de ontem. E é sempre sexta-feira 13.

Os sete personagens não se conheciam antes desse estranho acontecimento, e logo vão descobrir que são parte de uma perigosa experiência.

Eles estão presos no tempo, mas não sabem quem é o responsável por aquilo e como fazer para se livrar da maldição.

Se a figura do misterioso Magrelo já não fosse agouro suficiente, cada um dos sete personagens ainda recebe, diariamente, um aviso estranho, que recomenda cuidado com uma das outras pessoas envolvidas.

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Lucas Viriato de Medeiros – Contos de Mary Blaigdfield

O autor, Lucas Viriato de Medeiros nos apresenta Mary, uma mulher de passado enigmático, ou também uma misteriosa agente dos Estados Unidos.

Ela possui uma fobia inexplicável a uma substância química utilizada em larga escala em corantes, bebidas e alimentos.

A personagem ganha vida em situações inusitadas, como na história de amor entre uma caixa de cereal e um pacote de uvas passas como se fosse o encontro de duas almas gêmeas nos corredores de um supermercado.

Noutra história aparece o caso do maníaco do balde e a sua incontrolável compulsão de atirar água das janelas do prédio.

Utilizando-se de escrita ágil, Lucas Viriato de Medeiros revela em cada detalhe do cotidiano, um caleidoscópio de cores, tramas e possibilidades, numa obra em que não faltam humor e criatividade.

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Lourenço Mutarelli – A arte de produzir efeito sem causa

Depois de largar o emprego e a mulher, Júnior pede abrigo na casa do pai. Sem dinheiro nem perspectivas, seus dias se dividem entre o velho sofá da sala, o bar onde bebe com desocupados e as conversas com a atraente inquilina do pai.

        A pasmaceira só é interrompida quando começam a chegar pelo correio pacotes anônimos com recortes de notícias velhas – uma delas sobre o episódio em que o escritor famoso matou a mulher acidentalmente.
        Enquanto se entrega a reminiscências e persegue objetivos pequenos e imediatos – a próxima refeição, o resgate de uma dívida com o antigo chefe, o dinheiro para o próximo cigarro – Júnior começa a roer a corda que separa sanidade e loucura.
        O tom sombrio e opressivo dos outros soma-se ao tédio em meio aos quais os personagens se arrastam, num cotidiano marcado por obsessões sexuais e por um cenário típico da baixa classe média.

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Juan Ramón Jiménez – Platero e eu

Esta é uma das obras-primas da literatura espanhola, escrita pelo Prêmio Nobel de Literatura Juan Ramón Jiménez.

Ela narra em primeira pessoa os passeios do poeta por Moguer, aldeia onde nasceu. É sempre acompanhado de seu inseparável burrinho Platero.

Apesar de frequentemente ser considerado uma obra para crianças, a prosa poética de Jiménez pode ser lida perfeitamente por adultos.

Com ilustrações de Javier Zavada, o livro ganha edição comemorativa da editora Martins Fontes.

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Jorge Amado – As mortes e o triunfo de Rosalinda

Mais um livro do mestre Jorge Amado, com aqueles nomes compridos e cheios de ironia. Neste livro, o assassino de Rosalinda narra as vidas e mortes dessa mulher que é, ao mesmo tempo, princesa hindu, dona de casa, madre superiora e tantas outras.

Trata-se do depoimento verborrágico do amante e assassino de Rosalinda, que confessa suas peripécias sexuais diante de um interlocutor que muda o tempo todo.

Ora é um militar, ora um bispo, ora um desembargador, entre outros representantes da autoridade. A própria Rosalinda se revela um ser fantástico, que nasce e morre nos quatro cantos do planeta.

Mas é ela, desta forma quem põe em xeque a supremacia masculina, levando seu amante a desejar destruí-la.

O livro é ilustrado por Fernando Vilela e prefaciado pelo escritor angolano Pepetela. É este quem afirma que o livro, inaugura na obra de Jorge uma espécie de realismo anárquico.

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Ivone C. Benedetti – Immaculada

O que mais chama a atenção do leitor nesta obra é o contraste entre o tom geral do relato, que é sóbrio e discreto, e momentos de erupção, quando o narrador usa termos contundentes e descrições cruas que rompem o equilíbrio e instauram certa dissonância narrativa.     Enquanto o andamento geral é coerente com o cunho histórico, as rupturas de estilo estabelecem um contraponto claro entre a convenção social e os anseios de Immaculada e de outras mulheres que figuram no romance.

        Visceralmente ligada ao meio em que foi educada, Immaculada surge, assim, como uma espécie de heroína romântica.

        Num protesto surdo, ela se deixa conduzir externamente, desempenhando o papel que lhe cabe por imposições familiares, sociais e econômicas.

        Mas, no plano pessoal, a protagonista se rebela, subvertendo a pureza que traz impressa em seu nome.

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Heloisa Prieto – 1001 Fantasmas

Esta história é narrada por meio da correspondência trocada entre as personagens.

Ao se ver em apuros, um garoto recorre aos colegas de uma sociedade milenar, a 1001 Fantasmas.

A autora, Heloisa Prieto, mostra que crescer significa, entre outras coisas, compreender que a razão não é capaz de abarcar a totalidade da vida.

Heloisa já publicou diversos livros, entre eles ‘Lá vem história’, ‘Lá vem história outras vez’, ‘Divinas Aventuras’, ‘Vice-versa ao contrário’ e ‘O livro dos Medos’.

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Gladys Lechini, Victor Klagsbrunn e Williams Gonçalves (orgs.) – Argentina e Brasil: Vencendo os Preconceitos

Elaborado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense, o livro trata da integração entre o Brasil e a Argentina e seu papel decisivo na América do Sul.

        Na opinião de Samuel Pinheiro Guimarães, Ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, este deve ser o objetivo mais certo, mais constante, mais vigoroso das estratégias políticas e econômicas tanto do Brasil quanto da Argentina.

        Qualquer tentativa de estabelecer diferentes prioridades para a política externa brasileira provocará graves conseqüências e correrá sério risco de fracasso.

        Ainda segundo o Ministro e Intelectual do Ano, é necessário e indispensável que todos os organismos da estrutura burocrática dos Estados brasileiros e argentino, deixem de lado as rivalidades, ressentimentos e desconfianças históricas.

        E compreendam o desafio que a nação argentina e a Nação brasileira enfrentam neste início do Século XXI.

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Eduardo Galeano – As veias abertas da América Latina

Este é um clássico do pensamento crítico latino-americano sobre nossa dependência econômica, financeira, tecnológica, estratégica e cultural em relação às grandes potências. Por isso mesmo, “fez a cabeça” de muita gente.

        O autor quebra a cronologia linear da historiografia oficial para desnudar o saque ao continente que persiste desde o descobrimento.

        Analisando os mecanismos de poder, os modos de produção e os sistemas de expropriação, Eduardo Galeano reescreve a história da América Latina e expõe seus quinhentos anos de exploração econômica e miséria social.

        Seus estudos e análises feitas demonstram análise profunda da realidade sobre a colonização da America Latina, bem como dos fatos posteriores.

        As formas de exploração e submissão podem ser hoje mais sutis do que foram nos períodos coloniais e nas posteriores ditaduras que aqui se implantaram.

        Permanecem, entretanto, igualmente eficazes através de sistemas financeiros e da lavagem cerebral feita pela indústria cultural que nos é implantada.

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Clarice Lispector – Só para Mulheres – Conselhos, Receitas e Segredos

Conselhos de sedução, moda, beleza e etiqueta, além de dicas de economia doméstica, receitas culinárias e de saúde – é isso que as leitoras encontraram nas colunas elegantes escritas por Clarice Lispector em “Só Para Mulheres”.

        A nova coletânea dá continuidade ao resgate da obra jornalística da autora de “A Hora da Estrela”, iniciado em 2006, com Correio Feminino.

        Organizado por Aparecida Nunes, o livro reúne mais de 290 textos, produzidos nas décadas de 1950 e 1960 sob os pseudônimos de Teresa Quadros, Helen Palmer e como ghost-writer da atriz e modelo Ilka Soares.

        Se as angústias e sofrimentos morais, tão presentes na literatura de Clarice, ficam normalmente de fora das colunas, a escritora põe, aqui e ali, considerações que vão além do óbvio e mexem com o íntimo de cada leitora.

        O livro faz uma viagem no tempo em que se desenha o rosto da mulher brasileira dos “anos dourados”. E tudo isso num tom de conversa entre amigas, como prescreve o jornalismo feminino.

“Outras Palavras” é o programa de literatura de Levi Bucalem Ferrari na Rádio Cultura do Brasil.

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