PORTOVELHACA & AS OUTRAS
Levi Bucalem Ferrari
Ilustrações: Luiz Palma
Paubrasil Editora (1984)
Excertos:
“PORTOVELHACA
Dilético amigo dual leto porto gê ou tapuia et tupi outraura predominante no pintoanal metrogrossensis. Sualva músaca pelauda audivista sentida mialma mialva trauma tanta bons tempos. Portovelhaco valet uma cidade bolibrasileira e meu carálter ego formação aí por volta dos sete anos ou minos ou mimos amenos a menos que todo eso palaveado sean:
Calientes girls or bust!
But Butch Cassilda não é mais aquela. Nem no alto do campanário. Nem com suávido langor.
A vila a nauve grados de leitetude surda é bunhada pelo merdeira. Há lilás príncipe pau povolore local é a estrela de lero-lero merdeira-mimoré, mimodó, mimomi, fá, sol, lá, si foi depois de tontas mortes. Mimos miau, mialgo tengo a dizer entretudo:
“Entrelúdico oral orai por nosaltros filhos que símeos da amazônia pauta prioritária, de uma puta zona priapária.”
Guajará-mirim não cresceu. Se crescesse virava Guajará-açu, azul como era bleu le ciel parisiano há cem ânus atroz de quem ficou atrás e eis que é seu do Lido de lá. O sul é seu. O sal entretanto é mel do ledo engano de cá. Saldeios das brasiloiras dossuldas. Saussundas das brasilíricas do seio. Saudílicas das brasibundas do céu sul sal sol cio.
No calor da vila e no calar da noite muitas piranhas dão prazer ao pecador. Entretantágua, no merdeira dão merdo porque merdem o pescador merdoso. Eu, hein! Prá que tanta piranha, meu Deus? Pergunta meu coração. Minha vara, a de pescar, porém, Drumão, não pergunta; nada. Just like esther williams minha vara swims singing an old beatles song at portobelo murtinho beérre road. Treich meia cuatro diria uma ipaunemense daquelas bem gustosas. Ah, as miniminhas do Lebrão! Do Lebrão de Ipaunelas, mas não só. Do tatuapé e a cavalo também.
Às vezes pinço que sorria interacinte pô brincar esta proesia num jornél loquéu. Pini e Juquirél. Assim assado tridos sapariam que o doutor aqui não veio só pra fazer o estúpido estado, mas faz também palraloucas que o candidatam a academência rondoniana de litros. Ou às piranhas do merdeira. Entenderiam quiçá o chorarsorrindo da proeza da prosa poesia e que não há mais espaço para os papos caretoestruturados do tipo “oh, minha amada, me perdoa”, que são um saco, pergunto-vos-eu?
Last but no Lizt, o composer: é urgente sampalizar o patropi e portovelhacar a desvairada. Neste aicho que fode estar o novo. Bahia, Rio, Nordeste, Belém são papos mui manjados que já doeram o que tinham que doar. São velhas ex-truturas ex-tonturas ex-torturas.
Mas baianos são genitais quando não bundericam. E bundericam com genialidade na idade da terra em transe do senhor do bom
fim.
MANIFESTOLATENTE
PALAVRAS, ETC.
entre a vida e a história, a palavra
a brincadeira, a morte
a caganeira
a trepada e a trepadeira
entre a idéia e sua expressão, a palavra
criatividade/criação
operacionalização
meta/ação
organização
palavras.
entre o feto e o defunto se nasce e morre
ama.
(velhas palavras)
o amor dos amantes
o sexo
as mãos dos amantes
o olhar
a palavra.
o continente e o conteúdo
a forma é tudo
o contraído contido
o descontraído criativo
outras palavras.
a grande obra
o milagre
pão e circo
palavras, palavras, palavras…
e pauladas.
da noite negra à rubra aurora
luta
rubra palavra.
o anti-pão é o anti-circo
de rubras
velhas outras
palavras, palavras, palavras…
BRASIL BARRA SETENTA
DISSÍDIO
entrementes
Tiradentes
foi presídio
A casa, o bar, o pau que define a parada de ônibus eu sinto, de repente, que já vi tudo isso demais, desespero ou uma nostalgia morna cabeçam-me amores impossíveis e histórias de tempo perdido.
proustianamente observo como a velha cumpre o ritual toalha na mesa comidas em travessa especialidades emigradas coisas muito da gente que eu gosto e ela pensa que adoro.
conversas assuntam doenças de velhos e familiares.
cantos e objetos lembrança o retrato do avô elegante na cristaleira que não se fazem mais.
a idéia da velhice me incomoda.
depois de um jardim desses coreto no centro
e sombras que abundam árvores e colegiais de brincadeiras
típicas alegres trópicos
pregas em saia azul
e brancuras de blusas e meias
sapatos pretos
entre rios de risos
e conversas sem muito jeito
eu procurava amor
ARCHITECTURA
V
e volto às palavras
viciolouco cioso ciclo da loucura
pura
onde andarás
viciodioso círculo do ócio
negrócio
e as palavras larvas antes lavassem sujam sejam