(A)FETO

difícil demonstrar afeto no ambiente contido
tudo é preciso
muita sutileza
olhares vagos
palavras tímidas
gestos quase gestos.

no entanto
há um intenso
por enquanto tenso
olhar imenso
infelizmente imerso
no universo
do contido.

o grito litro de sangue do afeto perdido
o leite derramado no leito solitário.

a pele atrai a pele
como o olhar o olhar
enquanto desce o decote
lentamente
discretamente
infelizmente.

se
a vida é mente
a vida mente
avidamente
e a morte vence.

só no ambiente contido
obviamente.


Publicado em “A Portovelhaca & Outras (SP. Paubrasil Ed. 1984).

Sobre levi

Poeta, ficcionista, ensaísta, sociólogo e professor universitário. Presidente da UBE - União Brasileira de Escritores, diretor do Sindicato dos Sociólogos de S. Paulo e Presidente do IPSO - Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos. Integra a Coordenação do Movimento Humanismo e Democracia e o Conselho de Redação da Revista Novos Rumos. Foi Presidente da ASESP – Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Administrador Regional de Santana -Tucuruvi (SP). Coordenador da Proteção dos Recursos Naturais do Estado de São Paulo. Livros Publicados: Burocratas e Burocracias (ensaio, SP, Ed. Semente, 1981); Ônibus 307 – Jardim Paraíso (poesia, SP, Muro das Artes, 1983); A Portovelhaca e as Outras (poesia, SP, Paubrasil, 1984). O Seqüestro do Senhor Empresário (romance, SP, Publisher/Limiar, 1998); O Inimigo (contos, Limiar – SP, 2003). Recebeu o Prêmio de Revelação de Autor da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte e outros. Publicou diversos artigos, contos, crônicas, poemas e resenhas literárias em coletâneas, jornais e revistas.
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