Zulmira Ribeiro Tavares
Cia das Letras
Maria Bráulia Munhoz vive sozinha em seu apartamento no Itaim Bibi. Ela é viúva do juiz Munhoz, um homem bem mais velho. Agora quem lhe faz companhia é Maria Preta, a empregada, e do sobrinho Julião Munhoz, seu secretário oficioso.
A viúva relembra com ironia e certo sarcasmo os detalhes de seu casamento. De início ela imaginara que se instalar com um marido numa casa, inauguraria uma vida de liberdade e descobertas trepidantes.
No entanto, constatou que a vida de casada podia ser uma sucessão de formalidades, e que em suas noites de luzes apagadas pouquíssimas coisas se passavam.
Suas frustrações e sua imaginação trançaram relações entre o juiz, seu secretário particular, o joalheiro da família e ela própria.
Aos poucos tudo foi se transfigurando numa espécie de jogo de erros conduzido pela ironia. As verdades foram vindo à tona ao passo que naufragava a amável – e aborrecida – mesmice da vida na casa familiar. Ápice do processo, a viuvez instaurou, enfim, uma Maria Bráulia soberana sobre seu império doméstico.