Caros amigos!
É com profunda emoção que eu recebo esta homenagem da União Brasileira de Escritores. E recebendo-a, quero rememorar algumas passagens de minha trajetória.
Tendo chegado ao Brasil aos oito anos foi a partir dos quatorze e quinze que eu me empenhei na luta por um domínio maior de nosso português do Brasil, luta essa em que me empenho até hoje. Estou com noventa e um anos e tenho certeza: enquanto tiver energia, isto é, enquanto puder juntar a com b e o com p, hei de empenhar todas as minhas forças para fazê-lo do melhor modo possível.
Na realidade, este meu empenho pessoal recebeu desde o início um empurrão de estímulo. Devo-o certamente às minhas professoras de português na época. Acho que até hoje não se fez justiça ao papel decisivo das professoras do primário e do secundário no apoio aos nossos jovens. Na época da minha infância e adolescência, o magistério era uma das poucas profissões disponíveis para a mulher, e elas se empenhavam nele com afinco. Tenho certeza de que o estímulo então recebido por mim, as indicações de leitura e as trocas de idéias tiveram papel decisivo em minha decisão de me dedicar à escrita. Sem dúvida, o caminho em que estou até hoje tem muito a ver com aquelas tardes na biblioteca do Colégio Mackenzie quando eu faltava às aulas de álgebra ou química, para me debruçar sobre um livro de Machado ou Eça. É com redobrado carinho, pois, que lembro hoje as minhas protetoras e cúmplices neste caminho que percorro até hoje.
Já o fato de me dedicar à literatura russa tem muito a ver com aqueles livros que meus pais importavam de Riga, Letônia, e que eu ficava copiando à mão para não esquecer o que aprendera na escola em Odessa. Devo à literatura russa, prosa e poesia, uma grande parte de minha formação no que ela tem de melhor. A própria noção de uma ligação íntima entre o pensar e o sentir, decisiva para mim, se me vincula por um lado a Fernando Pessoa, por outro, me liga a Dostoiévski, cujo Vieltchâninov afirma em O eterno marido: “Os grandes pensamentos originam-se mais de um grande sentimento do que de uma grande inteligência”. E ademais, tudo isto me remete aos ensinamentos do sempre lembrado Anatol Rosenfeld, graças a quem me apeguei à passagem da Fenomenologia do Espírito de Hegel em que se formula, como objetivo do homem, alcançar “o luzir sensível da idéia”.
Mas ao mesmo tempo, tenho de reconhecer: devo a minha condição atual de escritor atuante a minha esposa, Jerusa Pires Ferreira, sem cuja participação ativa, inclusive participação de companheira de trabalho, eu não estaria agora com vocês nesta comemoração.
Mais uma vez, muito obrigado a todos!
Boris Schnaiderman
São Paulo, 05 de maio de 2008
Olá!
Sabendo de seu interesse em literatura, o SESC São Paulo convida você para assistir ao vivo Boris Schnaiderman e sua experiência como tradutor do escritor russo Tolstói, em transmissão direta do SESC Pompeia.
O encontro, que acontece neste domingo [13/12] às 18h, tem leitura de trechos das obras A sonata a Kreutzer e Anna Karenina e video chat aberto para perguntas e discussão.
O link para assistir ao vivo é: http://www.tvaovivo.net/sescsp/tertulia.
Em breve todas as transmissões do Tertúlia – Encontros Literários estarão disponíveis on demand pelo canal do SESC no Youtube http://www.youtube.com/portalsescsp, mas por enquanto é possível assistir aos vídeos pela matéria na Revista Eonline http://bit.ly/1aBDwf.
Contamos com sua colaboração para divulgar em seu blog e também para quem você sabe que ficaria muito bravo se perdesse a oportunidade de interagir com o tradutor dos russos no Brasil.
Agradecemos desde já.
Atenciosamente,
Marcelo Araújo
Mídias Socias
Portal SESC SP
http://www.sescsp.org.br