Luiz Vilela
Ed. Record
As personagens deste romance vão conversando numa mesa de hotel enquanto esperam um motorista. O leitor fica sabendo que Bóris é um glutão sessentão e rústico. Já Dóris é uma ex-deusa agora reduzida à condição de ‘fessora’, balzaquiana e decadente que aceita com resignação a companhia do grosseiro Bóris Paternostro.
O empresário obriga a companheira a ouvir seu monólogo e as imprecações contra os santos no salão de café, interrompendo a conversa de tempos em tempos para buscar mais comida.
A neutralização da voz do narrador define a construção das histórias por meio do diálogo como um artifício que permite ao leitor entrar em contato direto com as personagens.
Embora convidado a bisbilhotar a vida de Bóris e Dóris, o leitor nem por isso vai estabelecer uma ponte com os dois. São criaturas condenadas ao isolamento e à perda das ilusões. Mas não é um livro triste. Ao contrário, tudo é tratado com muito humor.