ADONIRANDO


quem mora no Morro da Casa Verde
ou num barraco lá no bairro do Ermelino
quem já comeu no Bixiga, na casa do Nicola
conheceu Arnesto e tomou o trem das onze horas

quem amou Eugênia, Maria Rosa e Iracema
Pafunça, Malvina e todas as mariposas
fala nóis vem, nóis vai, nóis fumo e nóis vortemo

tem uma maloca saudosa
tem uma São Paulo que chora
choram Matogrosso e o Joca
e na Vila Esperança
todo mundo também chora

lamenta o apito do samba
soluça o meu tamborim
o cavaco se cala
fica mudo o violão
o poeta se foi
Deus quis assim
mas está vivo em nossos corações

o poeta se foi
foi ver Iracema
e virou uma estrela no céu
subiu na fumaça de um cigarro Iolanda
foi ver a banda tocar na favela


Poema escrito em homenagem a Adoniran Barbosa, publicado no Jornal do Bixiga, nº 03. Virou canção na melodia do compositor Lula Barbosa. Foi gravada pelo Conjunto Catavento no CD Adonirando da Movieplay; e, mais tarde, por Thobias da Vai-Vai no CD Paulicéia.

Sobre levi

Poeta, ficcionista, ensaísta, sociólogo e professor universitário. Presidente da UBE - União Brasileira de Escritores, diretor do Sindicato dos Sociólogos de S. Paulo e Presidente do IPSO - Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos. Integra a Coordenação do Movimento Humanismo e Democracia e o Conselho de Redação da Revista Novos Rumos. Foi Presidente da ASESP – Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Administrador Regional de Santana -Tucuruvi (SP). Coordenador da Proteção dos Recursos Naturais do Estado de São Paulo. Livros Publicados: Burocratas e Burocracias (ensaio, SP, Ed. Semente, 1981); Ônibus 307 – Jardim Paraíso (poesia, SP, Muro das Artes, 1983); A Portovelhaca e as Outras (poesia, SP, Paubrasil, 1984). O Seqüestro do Senhor Empresário (romance, SP, Publisher/Limiar, 1998); O Inimigo (contos, Limiar – SP, 2003). Recebeu o Prêmio de Revelação de Autor da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte e outros. Publicou diversos artigos, contos, crônicas, poemas e resenhas literárias em coletâneas, jornais e revistas.
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