FAZ QUE NÃO VÊ

Altamir Tojal
Editora Garamond

Faz que não vê marca a estréia literária do jornalista Altamir Tojal. O texto é ágil, quase telegráfico. Frases curtas e a seqüência bem dosada dos capítulos, recheados de suspense, dão ao romance um ritmo tenso. Mas com toques de lirismo e ao som de boa música na esplêndida visão da baía de Guanabara, através de uma janela na Praia de Botafogo.

A trama é de alta voltagem: em tensão, ousadia, risco, terror e medo. No centro dela está a trajetória e o desaparecimento do seu protagonista, o jovem Delano. Personagem sedutor, controvertido, ambicioso, ele passou das contestações juvenis da década de 60 para a luta armada dos anos 70, escapando ileso dos contragolpes da repressão militar, e caindo na clandestinidade.

Delano reaparece mais tarde envolvido no mundo dos altos negócios e prendendo-se às malhas de um sistema inescrupuloso, intrincado, que se agiganta como poder paralelo, a corromper a estrutura do Estado, a ponto de envolvê-lo em sua bem montada teia.

Se, por um lado, a trama se ambienta na era Collor, por outro fica claro que a história continua, atravessando governos, e pondo políticos e empresários num mesmo saco de gatos que atende pelo nome de mercado. Faz que não vê é uma crítica às traições aos ideais de toda uma geração. É também livro que se lê sem piscar.


“Outras Palavras”, programa de literatura de Levi Bucalem Ferrari na Rádio Cultura Brasil.

Sobre levi

Poeta, ficcionista, ensaísta, sociólogo e professor universitário. Presidente da UBE - União Brasileira de Escritores, diretor do Sindicato dos Sociólogos de S. Paulo e Presidente do IPSO - Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos. Integra a Coordenação do Movimento Humanismo e Democracia e o Conselho de Redação da Revista Novos Rumos. Foi Presidente da ASESP – Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Administrador Regional de Santana -Tucuruvi (SP). Coordenador da Proteção dos Recursos Naturais do Estado de São Paulo. Livros Publicados: Burocratas e Burocracias (ensaio, SP, Ed. Semente, 1981); Ônibus 307 – Jardim Paraíso (poesia, SP, Muro das Artes, 1983); A Portovelhaca e as Outras (poesia, SP, Paubrasil, 1984). O Seqüestro do Senhor Empresário (romance, SP, Publisher/Limiar, 1998); O Inimigo (contos, Limiar – SP, 2003). Recebeu o Prêmio de Revelação de Autor da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte e outros. Publicou diversos artigos, contos, crônicas, poemas e resenhas literárias em coletâneas, jornais e revistas.
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