Carlos Seabra
Massao Ohno Editor
O assunto é haicai. O poeta Carlos Seabra, vice-presidente da UBE, lançou recentemente o livro Haicais e que tais, editado por Massao Ohno e belamente ilustrado por Eugénia Tabosa.
O desafio do haicai é o de dizer muita coisa com poucas palavras. E ainda obedecendo a limitações métricas rigorosas. Esse tipo de poema surgiu no Japão no século 16. Sua maior expressão é Matsuo Bashô (1644-1694), poeta japonês criador do mais famoso de todos os haicais:
velho lago
mergulha a rã
fragor de água
Originalmente o haicai não precisa rimar. Mas, no Brasil, muitos usam a rima. Como o próprio Seabra:
gota de chuva
escorre na parreira
pára na uva
Além da rima, os brasileiros acrescentaram o humor. Talvez isso se deva a Millor Fernandes que divulgou o haicai como uma espécie de poema-piada.
Carlos Seabra também brinca e nos diverte como nesse poema:
haicai sem kigô
é de quem bebe saquê
e pisa na fulô
Também trabalha com a sensualidade:
que delícia
um decote aberto
com malícia
Ou nos encanta com seus enigmas:
o vento afaga
o cabelo das velas
que apaga
Haicais e que tais pode ser encontrado na Livraria da Lua ou pela internet.
Ouça aqui o programa:
[audio:http://blogs.utopia.org.br/levi/files/outraspalavras_020-carlos-seabra.mp3]