Rubem Fonseca
Biblioteca Folha
Rubem Fonseca, apesar de contemporâneo, já é tido como clássico. A estrutura narrativa de suas histórias inaugurou o que podemos chamar de “novo policial”. Seu estilo passou a ser adotado por outros autores, como Chico Buarque em “Budapeste”, por exemplo.
No policial comum, o leitor se vê diante de enigmas que, aos poucos, vão sendo decifrados até que tudo se esclareça e, ao final, a justiça triunfe. Nas histórias de Rubem Fonseca, não é bem assim; não faltam mistérios – digo até que são mais elaborados e surpreendentes – mas, muito além das tramas típicas do policial, desfilam as mazelas de nosso arranjo social.
Fonseca encara sem rodeios a violência urbana em todos os estratos sociais, do traficante ao empresário, da socialite à prostituta, do mendigo ao banqueiro. E nos faz perceber como suas vidas se cruzam, como ocorre a convergência de interesses e as cumplicidades resultantes. Em O caso Morel, o autor faz um pequeno tratado sobre a psicopatologia de nossa vida cotidiana. No centro da trama está o artista Paul Morel, personagem carismática, que vive nesta estranha sociedade como um sobrevivente, levando às últimas conseqüências o que nela há de falso, delirante, destrutivo – e muito próximo de nós – familiar.
Livro imperdível que você lerá com avidez.
“Outras Palavras”, programa de literatura de Levi Bucalem Ferrari na Rádio Cultura Brasil.