Em 1561, a quase totalidade de nossa população era analfabeta, inclusive os ricos e os membros da nobreza. Apenas alguns membros do clero sabiam escrever muito bem. Quanto aos índios e mestiços, então, o que você imagina? Pior ainda. E se fosse uma mulher? Impossível, é o que qualquer um concluiria.
Felizmente estamos enganados, pois naquele ano, 1561, o Padre Manuel da Nóbrega recebeu uma carta de uma mulher pedindo que as crianças escravas, que “se vêem separadas dos pais cativos, sem conhecerem Deus, sem falarem a nossa língua e reduzidas a esqueletos” fossem tratadas com dignidade. A autora era Madalena Caramuru, uma das filhas do português Diogo Álvares Correia, o Caramuru, casado com a índia Paraguaçu, uma história que todos conhecemos e admiramos. Uma mestiça, portanto.
Essas e outras lindas histórias falam sobre a vida dessas mulheres brasileiras que se destacaram em todos os períodos da nossa História e em todos os ramos de atividade. E que, para isso, tiveram que enfrentar os preconceitos e as mais diversas pressões sociais. Tiveram que se esforçar muito mais do que os homens para conseguirem algum reconhecimento social, forjando sua têmpera na luta por seus direitos.
Pelo livro, muito gostoso de ler, desfilam biografias de mulheres como Branca Dias, Bárbara Heliodora, Chica da Silva, Maria Quitéria, Chiquinha Gonzaga, Gilka Machado, Tarsila Amaral e muitas, muitas outras. Vale a pena ler Elas, as pioneiras do Brasil de Hebe Boa Viagem. E, prepare-se para muitas surpresas.
Ouça aqui o programa:
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