Encontro preparatório para o 8º CBC

Veja os depoimentos de Tizuka Yamasaki, Manoel Rangel, Cícero Aragon, Alfredo Manevy, Edina Fujii, João Batista Pimentel, Rosemberg Cariry entre outros, durante o Encontro Preparatório para o 8º CBC realizado em Atibaia (SP), ao abrigo do V Festival Atibaia Internacional do Audiovisual em janeiro de 2010.

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Rondônia presente no 8º CBC

“O Estado de Rondônia estará presente e sendo representado em importante evento do cinema brasileiro pelo Diretor de Projetos da ABD/RO, produtor e diretor de vídeo, e Organizador do Festival de Cinema Curtamazônia – Carlos Levy, no 8º Congresso Brasileiro de Cinema que acontecerá de 12 à 15/09 na cidade de Porto Alegre…” Veja a matéria completa no site do jornal Rondônia ao Vivo

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Ministro Juca Ferreira participa da abertura do 8º CBC

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, vai participar da abertura do 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual (CBC), no próximo domingo, 12 de setembro, às 19h, em Porto Alegre. O evento acontece de 12 a 15 de setembro e reúne profissionais e especialistas de todo o país com o objetivo de articular uma discussão ampla, que contemple os mais diversos segmentos da indústria audiovisual, abrangendo todos os elos da cadeia produtiva brasileira.

Além do ministro, cerca de 70 instituições ligadas ao setor já confirmaram presença. Irão também grandes nomes do audiovisual brasileiro como Lucy e Luis Carlos Barreto, Gustavo Dahl, Roberto Farias, Geraldo Sarno, João Daniel Tikhomiroff, Maurice Capovilla, Tereza Cruvinel (Presidente da EBC) e Manoel Rangel (Presidente da Ancine, vinculada ao Ministério da Cultura).

Os participantes se organizarão em grupos de trabalho (GTs), painéis de discussão e haverá também atividades culturais. O objetivo é colocar em pauta questões que norteiam e determinam a produção audiovisual atualmente. Produção, infraestrutura, film comission, co-produções internacionais, pesquisa, preservação, crítica, políticas públicas, novas mídias, convergência, exibição, direitos autorias e do público são alguns dos temas que serão analisados e debatidos no Congresso.

A idéia é que os quatro dias de trabalho resultem em propostas e diretrizes que norteiem a atividade do segmento para os próximos anos. Deste encontro, em Porto Alegre, será retirado um documento para ser encaminhado para os candidatos ao Governos dos Estados e à Presidência da República, com as principais reivindicações e prioridades do setor.

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8º CBC começa neste sábado

Com um tema pra lá de sugestivo, “O que nos separa já sabemos, mas o que nos une?”, profissionais e especialistas de todo o País se reúnem no 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual (CBC) com o objetivo de articular e acumular uma discussão ampla que contemple os mais diversos segmentos do audiovisual no Brasil…” Veja matéria completa

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Ministro Juca Ferreira abre o 8º CBC em Porto Alegre

“O ministro da Cultura, Juca Ferreira, vai participar da abertura do 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual (CBC), no próximo domingo, 12 de setembro, às 19h, em Porto Alegre. O evento acontece de 12 a 15 de setembro…” Leia mais detalhes no site MeioNorte.com

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Entrevista com Rosemberg Caryri

Caryri fala sobre as perspectivas da diretoria do CBC empossada empossada em Atibaia (SP) para o biênio 2009/2010.

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8º Congresso tem edição especial da Revista de Cinema

A Revista de CINEMA lança para o 8º Congresso de Cinema Brasileiro uma edição especial (veja a edição da revista íntegrana) sobre o CBC, com o objetivo de tornar mais conhecido e difundido em todo o setor do audiovisual as principais e atuais questões da classe cinematográfica, e da produção para a televisão e publicidade, além de toda a sua cadeia de infraestrutura. Assim como também difundir as principais políticas públicas do setor, na iniciativa privada, Ancine e do Ministério da Cultura e Secretaria do Audiovisual. Nesta edição você confere:

  • Matéria especial sobre o 8º encontro que pretende reunificar todas as tendências dentro do CBC, e os temas que serão discutidos durante três dias em seis Grupos de Trabalho
  • Entrevistas com: Rosemberg Cariry, atual presidente do CBC, sobre o 8º Congresso e a necessidade de união da classe; Newton Cannito, atual Secretário do Audiovisual, anunciando os novos rumos da pasta e os projetos de inovação audiovisual; Alfredo Manevy, Secretário Executivo do Ministério da Cultura, ressaltando as conquistas no audiovisual; e Manoel Rangel, presidente da Ancine, sobre a importância do CBC para a criação da Ancine.
  • Artigos de diretores do CBC e personalidades que participaram do seu desenvolvimento: Edina Fujii, empresária, relata a necessidade de o país ter uma forte infraestrutura e aponta os caminhos para isso; Orlando Senna, ex-Secretário do Audiovisual faz uma reflexão sobre o século das luzes eletrônicas; Augusto Sevá, cineasta, relata as reuniões que antecederam a volta do CBC dois anos antes do 3º CBC em Porto Alegre; Gustavo Dahl, o primeiro presidente do CBC e da Ancine faz um balanço dos dez anos de retorno da sigla e suas conquistas; Assunção Hernandes, produtora, relata os primeiros desafios para se formar o CBC e as principais realizações do 4º Congresso; Geraldo Moraes, cineasta, defende uma ação mais forte voltada para o cinema independente; Paulo Boccato, ex-diretor do CBC, aponta os ciclos de mudanças no audiovisual e afirma que um novo está se iniciando; Silvio Da-Rin, ex-Secretário do Audiovisual, relembra a missão do 8º CBC de rever o “pacto que nos uniu”; e Marcos Marins relata os primeiros passos da criação do CBC.
  • A homenagem do 8º CBC ao seu presidente de honra, Nelson Pereira dos Santos.
  • O desenvolvimento do Nordeste com a criação de um grupo, Asterisco.
  • Um Making Of com as melhores fotos dos bastidores das reuniões do CBC.
  • E por fim um histórico do CBC mostra os primeiros anos da Associação na década de 50.

Se quiser baixar o arquivo em PDF da edição integral da Revista de Cinema Edição Especial 8º CBC é só clicar .

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8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual

“Será entre os dias 12 e 15 de Setembro o 8º. Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual (CBC), que reunirá profissionais e especialistas de todo o País, com o objetivo de articular e acumular uma discussão ampla que contemple os mais diversos segmentos do audiovisual no Brasil…” Site do Movimento Cultura Brasil

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Dez anos depois

Em 2001, já criada a ANCINE, fez-se um novo congresso, o 4º. Ainda ardia o fogo do 3º, mas começava a delinear-se a ruptura de uma unanimidade que depois viria dar na constituição do Fórum do Audiovisual e Cinematográfico, separando o cinema industrial do cinema independente.

Artigo de Gustavo Dahl publicado na Revista de Cinema

A memória conserva a impressão de dois prenúncios do 3º. Congresso Brasileiro. A primeira remete ao 1º. Encontro Nacional de Cinema, o ENCINE, feito no início dos anos 80, quando eu dirigia a Associação Brasileira de Cineastas (ABRACI) e Aloysio Raulino, a Associação Gustavo DahlPaulista de Cineastas (APACI). No final do encontro, passando a minha presidência para o recém-eleito Sergio Rezende, promovi uma foto com todos os presidentes de entidades que estavam lá. Foi bonito, quase emocionante. Já vivia em mim a noção de que se o cinema brasileiro não se apresentasse unificado perante o governo e a sociedade, ouviria em reposta a seus pleitos aquela clássica: “primeiro entendam-se entre si, depois conversamos”. Era a maneira habitual com que os “anseios do cinema brasileiro” eram desqualificados. Inesquecível a frase de Eduardo Portella, quando estava Ministro da Educação no governo Figueiredo, a respeito da sucessão da Embrafilme que terminou dando Celso Amorim: “No cinema brasileiro dois cineastas fazem um partido”. Desinstitucionalização e incapacidade de construir mecanismos legítimos de representação são os males do Brasil. E ainda são.

A segunda marca da memória é o seminário promovido pela Fundação Cultural de Brasília, quando presidida por Nilson Rodrigues, na gestão Cristóvão. Final dos anos 90. Ele chamou Augusto Sevá, que depois me chamou, para fazer o evento que terminou tendo o título de “Cinema Brasileiro: Estado ou Mercado?”. No final, saiu o manifesto em que constava pela vez primeira a expressão “repolitização do cinema brasileiro”.

Foi então que Nilson propôs um congresso. Por seu lado, Beto Rodrigues, em Porto Alegre, outra prefeitura do PT como Brasília, estava na Fundacine com ideia semelhante. A vontade prosperou, Roberto Farias, com sua autoridade e generosidade, foi chamado para presidir o congresso e me chamou para a secretaria executiva. Era a velha dupla da Embrafilme 75/79 se refazendo. Já tínhamos nos enfrentado em luta política no passado. Ele me chamar e eu aceitar era prova de caráter e fidelidade à causa do cinema brasileiro. De ambos. Depois ele não pôde, por conta de compromissos já assumidos. E lá fui eu.

O eixo Rio-Porto Alegre funciona no Brasil desde Getúlio e a Revolução de Trinta. Funcionou de novo. A necessidade de articulação política e institucional era tão grande que à convocação atenderam 44 entidades, do sindicato dos distribuidores majors à ABD, dos produtores aos pesquisadores, dos noviços aos cardeais. A capacidade de trabalho e de síntese de Giba Assis Brasil, combinada com aquela de sistematização de Aurelino Machado, produziu um impressionante relatório final, com 69 pontos. Estava tudo lá. Seria didático reexaminá-los para ver o que se conseguiu, o que perimiu e o que permanece. Durante os três dias do 3º. Congresso, tinham todos a sensação de que pelas assembléias cheias de fervor soprava o vento da história do cinema brasileiro.

O primeiro ponto do relatório final se referia à necessidade de transformar o 3º. Congresso numa entidade permanente. Assim foi feito. Mas evitou-se enfrentar o principal: o sistema de representação. Nas assembleias do 3º. Congresso, os delegados votavam individualmente. Na entidade era preciso levar em conta a representatividade das associações, sindicatos e instituições que comporiam sua assembleia geral. É tradição que a falta de poder da corporação cinematográfica faça com que migalhas de poder sejam disputadas ferozmente. Não deu outra. A ideia de dirimir conflitos de interesse por meio do consenso parecia utópica. Prevaleceu o espírito juvenil de levantar o crachá e bater chapa. O que deveria ser a composição possível entre a esquerda, o centro e a direita do processo cinematográfico não colou. Mesmo assim a federação de todas aquelas entidades que havia ocorrido no 3º. Congresso dava à entidade CBC uma certa autoridade. Ela foi chamada a discutir com a Presidência da República, o Ministério da Cultura e os caciques Luiz Carlos Barreto, Cacá Diegues, um presente do qual o governo FHC não estava dando conta. O CBC representava “o povo do cinema”, como diziam o Senador Francelino Pereira e seu assessor João da Silveira, que tinham feito no Senado Federal a subcomissão do Cinema Brasileiro, que também compunha a cena política. Dessa movimentação nasceu o Grupo Executivo da Indústria do Cinema, o GEDIC, que daria origem à Agência Nacional do Cinema. Mas esta é outra história.

Em 2001, já criada a ANCINE, fez-se um novo congresso, o 4º. Ainda ardia o fogo do 3º, mas começava a delinear-se a ruptura de uma unanimidade que depois viria dar na constituição do Fórum do Audiovisual e Cinematográfico, separando o cinema industrial do cinema independente. Exatamente o contrário do que pretendia o 3º. Congresso. Mas as coisas acontecem da única maneira que podem acontecer.

Depois de sete anos dedicados ao 3º. Congresso, ao GEDIC e à ANCINE, me afastei da política cinematográfica. Fazia 30 anos que eu teimava contribuir para criar um mercado para o cinema brasileiro: na Superintendência de Comercialização da Embrafilme, a inesquecível SUCOM, no Conselho Nacional do Cinema, no GEDIC, na ANCINE; acreditando na força cultural do que poderia ter sido uma indústria cinematográfica brasileira, numa visão sistêmica que desse conta da abrangência do todo, distinguindo mas não separando o cinema autoral daquele de entretenimento. Hoje acredito que entrar no esquema tradicional, convencional, de exibição e distribuição cinematográfica equivale a jogar um avião sobre as torres do castelo ou sobre seu quartel general. A convergência tecnológica, a revolução digital, a internet que criou novas redes sociais e modelos de negócios se apresentam como um intenso farol de proa, contra a esmaecida lanterna de popa das velhas mídias. Lógico, o cinema é sagrado e a televisão aberta universalizante. Mas num mundo que se suicida aquecendo o planeta, que não admite a liberdade do corpo – desde que não prejudique ao outro, acabando com a interdição do aborto e das drogas, a discriminação e a repressão sexual – é preciso avançar. Um mundo que consome e desperdiça o supérfluo tirando o básico de quem precisa, com 3 bilhões de telas nas mais diferentes formas de equipamentos e serviços, carece de uma nova política. Um novo congresso, onde liberdade e solidariedade conversem entre si.

Gustavo Dahl é cineasta, foi o primeiro presidente do CBC e o primeiro diretor-presidente da Ancine, entre 2001 e 2006. Exerce atualmente a direção do CTAV, Centro Técnico Audiovisual do Ministério da Cultura.

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Sonhar um sonho

Foi a maior mobilização profissional da história do cinema brasileiro. Um movimento pleno de nobres ideais, com a presença de todo o povo no cinema. O cinema brasileiro passou a ter seu fórum permanente.

Artigo de Augusto Sevá publicado na Revista de Cinema

A ideia do Congresso (Congresso Brasileiro de Cinema) foi lançada no Seminário Cinema Brasileiro Hoje – Estado e Mercado, que ocorreu durante o Festival de Brasília de 1998 e cujo subtítulo foi revelador: “Mercado: Quanto? Quando? – Estado: Tudo ou Nada?”.

Augusto Seva Estávamos aos oito anos do desmonte promovido pelo Governo Collor e apenas quatro da regulamentação da Lei do Audiovisual. Com 25 filmes/ano e 5% da bilheteria, já querendo mais. Querendo diversidade de fontes de fomento, de acesso à distribuição, de ampliação do parque exibidor, de informações, de regulamentação de instituições de governo dedicadas ao cinema, enfim , de todos os mecanismos que entendíamos necessários a uma ação que, de olho no futuro, pusesse em pé o trinômio produção, mercado e governo.

A “visão sistêmica” foi o mote e a síntese das aspirações, dessa busca. O termo apontou para uma solução holística. Foi o conceito necessário e achado pelo Gustavo Dahl. O chamamento equivalente ao “não vamos nos dispersar” de Tancredo Neves.

O Seminário Cinema Brasileiro Hoje foi um sucesso de público e de crítica. O “baixo orçamento de grande bilheteria ”. As autoridades federais, tanto do executivo quanto do legislativo, a princípio reticentes, convenceram-se , através da repercussão da imprensa, de que algo acontecia e do qual não poderiam estar de fora.

No ano seguinte , no Senado Federal, por atuação do Senador Francelino Pereira e do João Eustáquio da Silveira, seu assessor, surgiu a mobilização simultânea e convergente à das lideranças do cinema brasileiro , na Comissão de Educação e Cultura, com a participação de profissionais, empresários, administradores públicos, pensadores e militantes.

Comprovou-se nesse período a pertinência da segunda palavra de ordem, “repolitizar o cinema brasileiro ”, também lançada por Gustavo. A lista “cinemabrasil”, inaugurando o debate cibernético do cinema brasileiro , concebida e coordenada por Marcos Manhães, teve papel fundamental como ferramenta de mobilização e comunicação. Também tiveram papel fundamental as associações de classe que por todo o Brasil se aglutinaram no m ovimento.

Voltando ao Seminário Cinema Brasileiro Hoje e à cerimônia de encerramento, em 18 de outubro de 1998, na sala Alberto Nepomuceno do Hotel Nacional de Brasília, improvisada como auditório, com mais de 300 participantes entre profissionais de cinema, imprensa e autoridades, Nilson Rodrigues lançou, sem saber do alcance que teria, a proposta de realizar, sob o patrocínio da possível segunda gestão do governo Cristóvão Buarque, o Congresso do Cinema Brasileiro. Estávamos a 14 dias das eleições distritais, com o PT e a candidatura de Cristóvão Buarque em ascensão e em pleno clima de vitória pela futura continuidade administrativa.

Não foi o que aconteceu. A possibilidade de encontrar-nos, no início de 99, já na condição de Congresso foi perdida e adiada, sine die.

Mas a semente estava lançada. Ficaram expostas as demandas contidas em “visão sistêmica” e “repolitizar ”. Os que acreditavam no possível foram se agregando num pequeno exército. Elegeu-se sem eleições a liderança de Gustavo Dahl, que conseguiu com clareza e maestria catalisar as energias e apontar o norte.

Perdemos a oportunidade de voltar a Brasília, como havia nos convidado o presidente da Fundação Cultural, mas a roda já rodava e não parou até encontrar o novo destino. Na peregrinação, passamos em Curitiba por gentileza da Cloris Ferreira, novamente Brasília no Festival de 1999, e em Fortaleza, a convite do Wolney de OLiveira, já em evento oficialmente preparatório do que ocorreria em Porto Alegre. Assim, as ideias foram sendo colhidas e os interessados se juntando. Porto Alegre, por gentil convite do governo Olívio Dutra e sob a organização da liderança gaúcha do cinema, foi a terra santa onde se estabeleceu o III CONGRESSO e onde se pariu a organização do Congresso do Cinema Brasileiro.

Foi a maior mobilização profissional da história do cinema brasileiro. Um movimento pleno de nobres ideais, com a presença de todo o povo no cinema. O cinema brasileiro passou a ter seu fórum permanente. Momento singular onde a militância e a formulação se deram os braços, entendendo que tão importante quanto roteirizar, iluminar, dirigir e editar, é compreender a função social do audiovisual e encontrar suas soluções.

Após Porto Alegre, o governo, sensibilizado, montou o GEDIC, Grupo Executivo da Indústria Cinematográfica. Este, durante o ano de 2001, sob os ecos dos tambores “pampeanos”, redigiu a MP-2228-1, que resultou na criação da ANCINE e do Conselho Superior de Cinema como órgãos de Estado, além de diversos mecanismos de fomento e regulação da atividade.

Foi um salto qualitativo nas relações entre o cinema e o Estado. Chegaram novas lideranças e novos operadores, oxigenando a atividade em todos seus segmentos. O cinema brasileiro provou que sabia querer e como fazer.

Dez anos após, elevamos a quantidade de títulos para os 80 filmes/ano. Ensaia-se uma presença significativa do produto independente no mercado televisivo. Multiplicam-se também as distribuidoras, notadamente aquelas destinadas ao filme brasileiro pequeno e médio. Ampliou-se o mercado de salas. A presença do governo na atividade regulatória e formuladora veio tomando substância.

Mas ainda queremos mais. Queremos expurgar radicalmente a tragédia de “ser estrangeiro em seu próprio país”, nas palavras de Paulo Emílio. O Brasil tem todos os elementos econômicos, culturais e sociais necessários a uma indústria audiovisual com presença marcante no mundo. Temos um mercado interno expressivo, com inserção social em ascendência. Temos um parque industrial e tecnológico adequado. Temos talentos e capacidade produtiva. E com tudo isso, a ocupação do mercado em todos os seus segmentos está por desejar.

Olhando o passado recente, vejo que a pré-história foi ontem. Quando não tínhamos informações de mercado, nem legislação regulatória, nem mecanismos de fomento e tampouco estruturas de governo. Não estamos mais apenas agarrados nas tábuas. O desafio agora é ampliar os horizontes. Promover o acesso a quem está de fora e produzir em condições de competitividade. Fazer do cinema e do audiovisual em todas suas manifestações um fenômeno economicamente importante e socialmente presente.

A oportunidade de nos reunir dez anos após, sob a mesma hospitalidade gaúcha, nos permitirá avaliar os resultados desse projeto. É a nova oportunidade de sonhar o sonho

Augusto Sevá é cineasta e foi diretor da Ancine entre 2001 e 2004

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