Manoel Rangel: propõe “200 milhões de incluídos culturais”.

Para Manoel Rangel, presidente da entidade, “exibidores, programadores e distribuidoras precisam entender que o Brasil não é só as classes A e B”.

O segundo dia do 8º Congresso Brasileiro de Cinema foi marcado pelos intensos debates dos Grupos de Trabalho. Na manhã desta segunda-feira (13), os chamados GTs iniciaram suas atividades que tiveram pausa só para o almoço. No início da tarde os seis grupos retomaram os trabalhos que foram encerrados por volta das 16h00 antes do painel de abertura.

Os temas dos GT´s vão desde produção até distribuição e exibição, passando por novas mídias e suas convergências, políticas públicas e direitos autorais.

Para Chico Faganello, do Fórum dos Festivais, que veio de Florianópolis, Santa Catarina, e participou durante o dia dos GT´s a expectativa a partir dos encaminhamentos realizados pelos grupos é grande: “As contribuições serão para os profissionais desta área e também para a sociedade que vai conhecer melhor o nosso audiovisual como fonte de geração de emprego e renda e de conhecimento do Brasil”.

Fagnello também destacou que os GT´s estão pautando assuntos recentes e polêmicos como a nova regulamentação das televisões, assim como a inovação no relacionamento com o público.

As sistematizações dos Grupos de Trabalho deverão ser encaminhadas ao final do Congresso. Os grupos foram divididos pelos seguintes temas: GT1- Infraestrutura e Produção; GT2 – Distribuição, Exibição e Difusão Cultural; GT3 – Formação, Pesquisa, Preservação e Crítica; GT4 – TVs, Novas Mídias e Convergências Digitais; GT5 – Direito Autoral, Direitos do Público e Gestão Coletiva e GT6 – Políticas Públicas, Arranjos Produtivos e Ações Estratégicas.

No Painel de Abertura, a preocupação pelo futuro.

Na abertura do painel, “O audiovisual no Brasil hoje: Políticas Públicas, Arranjos Produtivos e Ações Estratégicas”, Manoel Rangel, Presidente da Ancine, destacou que “saímos de um quadro onde toda a ação do poder público resumia-se a autorizar projetos para captar recursos, e alguns poucos editais, para uma situação completamente diferente, com uma estrutura de ação ampliada, um órgão gestor para políticas públicas, uma Secretaria de Audiovisual que lida com inovação e desenvolvimento, e tudo isso de forma articulada”. Rangel festejou as ampliações das condições de apoio à produção audiovisual, citando números: “Em 2003, foram lançados aproximadamente 30 longas metragens brasileiros no nosso circuito comercial, contra aproximadamente 80 longas em 2009. Deixou-se de encarar somente o cinema como produção audiovisual, abrindo-se espaço também para televisão, jogos eletrônicos e para uma proposta muito mais ampla para o audiovisual”.

Ainda segundo Rangel, começou a existir também um estímulo maior à expansão do parque exibidor, um esforço de internacionalização da produção brasileira e uma descentralização desta mesma produção, sem esvaziamento dos pólos principais de São Paulo e Rio.

A pergunta inevitável: e o futuro? Segundo o Presidente da Ancine, “o futuro passa necessariamente pelo Plano Nacional de Banda Larga. Muito em breve a Banda Larga será tratada como um direito inalienável do cidadão, assim como a saúde, a habitação, segurança, a própria cidadania”. E afirma também que “nosso destino é indissoluvelmente ligado aos destinos da América do Sul”, propondo uma aproximação vigorosa do audiovisual brasileiro com os mercados dos países vizinhos. E conclui: “Exibidores, programadores e distribuidoras precisam entender que o Brasil não é formado só pelas classes A e B. Precisamos ter 200 milhões de incluídos culturais”.

No mesmo Painel, Newton Cannito, Secretário do Audiovisual, ressaltou a importância do “pensar digital”. Ele afirma que “é necessário que todos nós passemos a pensar digitalmente, e não mais analogicamente”. E explica: “Quando alguém me pergunta se a SAV vai apoiar vídeos para a internet, isso é pensar analogicamente. Se vai apoiar filmes para cinema ou para televisão, isso é pensar analogicamente. Pensar digitalmente é pensar simultaneamente em todas as mídias, sem diferenciações”. E chama a atenção para o Fundo de Inovação Audiovisual, criado exatamente para propiciar a invenção de coisas novas, que ainda não foram feitas, para ocupar todos os espaços. “Não se trata de inovações tecnológicas, pois outros ministérios já se ocupam disso. Trata-se de inovação de conteúdo”, conclui.

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