Não me mandes para o canto (Diana Bellessi)

Quando digo a palavra
nuca
chupo-te suavemente
até afundar
o dente aqui?
Acaso estou te tocando?
Quando digo bico do peito
a mão roça
as dilatadas rosas dos peitos teus?
Toco-te acaso?
Toca, língua, acaso o canto
de meus lábios e aprisiona
na vasta cavidade do corpo
que deseja ser tocado e cingido
por tua língua quando nomeia
por minha boca a palavra língua, acaso?
Não me mandes para o canto
Não faças de mim a testemunha
que se olha te tocando com palavras
É a mão nomeada
não o nome
que deseja aprisionar tuas nádegas
– Fala-me
– Como será?
– O quê?
– Tua voz
Fogo oculto na madeira
do fogo que se expande?
É assim que será?
O corpo de tua voz
no instante em que
não me mandes para o canto
Flui mel das romãs
Não quero
tocar um fantasma
nem quero
a fantasia cortês
do trovador à sua dama
É a você, minha amada
áspero corpo da amiga que desejo
Gesto
de mútua apropriação
instante
onde não se sabe
os limites do tu, do eu
O nome e o nomeado
em tersa conjunção que sabe
não durará
e sabe
é mais eterno
que o gume de um diamante
Alegre
relâmpago de garra
e de mordedura
animal
o mais belo de todos
o instinto
impera aqui
Sua voz não tem tradução
Verbal moeda de intercâmbio
não
Só o audaz abraço, minha amiga,
responde aqui

(Tradução de Santiago Kovadloff )

No me mandes al rincón
Diana Bellessi

Cuando digo la palabra
nuca
¿te chupo suavemente
hasta hundir
el diente aquí?
¿Estoy tocándote acaso?
Cuando digo pezón
¿la mano roza
las dilatadas rosas de los pechos tuyos?
¿te toco acaso?
¿Toca, lengua, la comisura
de mis labios y aprisiona
en la vasta cavidad el cuerpo
que desea ser tocado y ceñido
por tu lengua cuando nombra
mi boca la palabra lengua, acaso?
No me mandes al rincón
No hagás de mí el testigo
que se mira tocarte con palabras
Es la mano nombrada
no el nombre
quien desea aprisionar tus nalgas
-Hábleme
-¿Cómo será?
-¿Qué?
-Tu voz
¿fuego oculto en la madera
del fuego que se expande?
¿Así será?
El cuerpo de tu voz
en el instante en que
no me mandes al rincón
fluye miel de las granadas
No quiero
tocar un fantasma
ni quiero
la fantasía cortés
del trovador a su dama
Es a vos, mi amada
áspero cuerpo de la amiga a quien deseo
Gesto
de mutua apropiación
instante
donde no se sabe
los límites del tú, del yo
El nombre y lo nombrado
en tersa conjunción que sabe
no durará
y sabe
es más eterno
que el filo de un diamante.
Alegre
relámpago de zarpa
y del mordisco
animal
el más bello de todos
el instinto
impera aquí
Su voz no tiene traducción
Verbal moneda de intercambio
no
Sólo el audaz abrazo, amiga mía,
responde aquí

Esta entrada foi publicada em Diana Bellessi e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *