Entre ir e ficar (Octavio Paz)

Entre ir e ficar duvida o dia,
enamorado de sua transparência.

A tarde circular é já baía:
em seu quieto vaivém se mexe o mundo.

Tudo é visível e tudo é efusivo,
tudo está perto e tudo é intocável.

Os papéis, o livro, o copo, o lápis
repousa à sombra de seus nomes.

Bater do tempo que em minha têmpora repete
a mesma teimosa sílaba de sangue.

A luz faz do muro indiferente
um espectral teatro de reflexos.

No centro de um olho me descubro;
não me olha, me olho em seu olhar.

Dissipa-se o instante. Sem me mover,
eu fico e me vou: sou uma pausa.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

» Biografia de Octavio Paz

Entre irse y quedarse
Octavio Paz

Entre irse y quedarse duda el día,
enamorado de su transparencia.

La tarde circular es ya bahía:
en su quieto vaivén se mece el mundo.

Todo es visible y todo es elusivo,
todo está cerca y todo es intocable.

Los papeles, el libro, el vaso, el lápiz
reposan a la sombra de sus nombres.

Latir del tiempo que en mi sien repite
la misma terca sílaba de sangre.

La luz hace del muro indiferente
un espectral teatro de reflejos.

En el centro de un ojo me descubro;
no me mira, me miro en su mirada.

Se disipa el instante. Sin moverme,
yo me quedo y me voy: soy una pausa.

Esta entrada foi publicada em Octavio Paz e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *